SHEMA ISRAEL

Sinagoga Morumbi

Yeshiva Boys Choir -- Kol Hamispalel

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Ciência e Torá: Contraditórias? Por Nissan Dovid Dubov

Segundo a Torá, o mundo tem uns meros cinco mil e quinhentos anos de idade, e foi criado em seis dias. Certamente a ciência moderna prova que o mundo tem bilhões de anos e que o homem passou por um processo de evolução, dessa maneira arquivando a história bíblica de Bereshit? Pode-se seguir honestamente crenças religiosas antiquadas quando a ciência prova outra coisa? A definição de ciência e religião A ciência, numa definição ampla, significa conhecimento. Referimo-nos especificamente à ciência como o conhecimento certificado por meio de observação e experimentos, criticamente testado, sistematizado e classificado segundo princípios gerais. Para ser mais específico, deve-se distinguir entre a ciência empírica e experimental que lida e está confinada a descrever e classificar fenômenos passíveis de observação, e a ciência especulativa que trata dos fenômenos desconhecidos, às vezes fenômenos que não podem ser duplicados em laboratório. O termo "especulação científica" é na verdade uma incongruência, pois nenhuma especulação pode ser chamada de conhecimento no estrito sentido da palavra. Quando muito, a especulação científica pode apenas descrever teorias deduzidas de certos fatos conhecidos e aplicados ao âmbito do desconhecido. Religião significa uma crença em alguma coisa. Em termos de religião judaica, é a crença na natureza Divina da Torá – Torah min Hashamayim; que a Torá recebida por Moshê e dada ao povo judeu é de origem Divina e é a palavra de D’us. Assim sendo, a Torá é a sabedoria Divina, e como D’us é verdade, também Sua Torá o é. A Torá é chamada com freqüência de Torat Emet, que significa a Torá da verdade. A partir dessas duas definições vemos que a ciência formula e lida com teorias e hipóteses, ao passo que a Torá lida com verdades absolutas. Estas são duas disciplinas diferentes e uma "conciliação" é absolutamente impossível. A Torá está no âmbito da verdade do absoluto. Aquilo que a Torá diz é verdadeiro não porque foi provado cientificamente, ao contrário, é verdadeiro porque foi revelado por D’us. A ciência não lida com absolutos, e sim com fenômenos observáveis e produz princípios baseados em suas observações. A ciência de ontem e a ciência do amanhã No século dezenove a opinião prevalecente entre os cientistas e modernistas era que o raciocínio humano era infalível em deduções "científicas" e que ciências como Física, Química, Matemática, etc., eram a verdade absoluta, ou seja, não meramente verdades aceitas, mas a absoluta. Falando em termos judaicos, isso queria dizer o estabelecimento de uma nova idolatria, não de madeira e pedra, mas a veneração das ciências e filosofias contemporâneas. Na verdade, tendo em vista as opiniões dogmáticas e deterministas da ciência daquela época, foi criada toda uma literatura apologética por bem intencionados advogados religiosos e alguns rabinos que não viram outra maneira de preservar o legado da Torá em suas comunidades "esclarecidas", exceto reinterpretações tênues e deturpadas de determinadas passagens da Torá a fim de acomodá-las com a opinião prevalecente no mundo. Sem dúvida eles sabiam interiormente que estavam sugerindo interpretações da Torá que diferiam da Torat Emet, mas pelo menos eles acharam que não tinham outra alternativa. No século 20, porém, especialmente nas últimas décadas, a ciência finalmente se despiu das suas embalagens medievais e todo o complexo da ciência mudou. A presumida imutabilidade das chamadas leis científicas e o conceito de absolutismo na ciência em geral foram revogados e agora considera-se a opinião contrária, conhecida como "Princípio do Indeterminismo". Nada mais é certo na ciência, mas somente relativo ou provável, e os achados científicos são agora apresentados com considerável reserva e validade temporária, passível de ser substituída a qualquer tempo por uma teoria mais avançada. A maioria dos cientistas aceitou este princípio de incerteza – enunciado por Werner Heisenberg em 1927 – como sendo intrínseco a todo o universo. A atitude dogmática, mecânica e determinista do século 20 acabou. O cientista moderno não espera mais encontrar a verdade na ciência. A opinião atual e universalmente aceita é que a ciência deve se reconciliar com a idéia de que, qualquer que seja o progresso que ela faz, sempre estará lidando com probabilidades, não com certezas ou absolutos. Vejamos dois exemplos da metamorfose da descoberta científica. Há um versículo em Cohêlet 1:4, "A terra fica para sempre", que parece sugerir que a terra fica parada e o sol se move ao redor dela. Esta apresentação era inteiramente aceitável no princípio da era comum, especialmente quando, no segundo século, Ptolomeu aperfeiçoou a construção de Aristóteles sobre como o sol e os planetas se moviam ao redor da terra em órbitas circulares com rotação adicional ao redor de certos pontos nestas órbitas. Aquela opinião foi adotada por todos os cientistas e especialmente entre o clero religioso, que considerava a terra como o centro do universo. Cerca de 1.500 anos depois, Nicolau Copérnico fez uma revolução na astronomia, dizendo que a terra girava ao redor do sol. De repente esta nova descoberta científica jogou por terra toda a crença religiosa. Até hoje, na maioria das escolas, as crianças aprendem que a terra gira ao redor do sol e que este é um fato provado pela ciência. Sugerir de outra forma seria considerado não-científico. No entanto esta educação é preconceituosa, pois a teoria da relatividade de Einstein eliminou a idéia do espaço absoluto e do movimento absoluto. Segundo Einstein, a ciência em princípio não pode decidir se a terra fica parada e o sol gira ao redor dela, ou vice versa. No livro A Filosofia do Tempo, por Hans Reichenbach, um discípulo de Einstein, ele demonstra que todos os seguintes conceitos são claramente possíveis sob um ponto de vista científico: 1 – A terra fica parada e o sol gira ao seu redor. 2 – O sol fica parado e a terra gira ao redor dele. 3 – Ambos giram ao redor de um determinado ponto. Não há maneira de provar qual das alternativas acima é correta ou preferível. Para objetivos práticos é mais simples calcular eventos astronômicos se presumirmos que o sol está parado e a terra se move ao redor dele. O principal motivo de Copérnico era tornar mais fáceis os cálculos, mas esta não é uma razão suficientemente boa para atribuir "verdade" a este conceito. Desconsiderar o versículo bíblico que sugere que a terra fica parada é totalmente não-científico. O problema com o debate ciência versus religião é o que foi mencionado previamente – que a maioria das pessoas aceitava a descoberta científica como absoluta, o que impossibilitava e excluía a crença religiosa. Mesmo atualmente, anos depois da publicação da Teoria da relatividade, embora os cientistas aceitem a teoria em suas capacidades profissionais, eles a ignoram no contexto do debate filosófico, preferindo apoiar antigas idéias de absolutismo. Eles continuam a ser governados por pré-concepções ideológicas, cegamente opostas à Torá, que foram absorvidas em sua consciência desde a infância, mesmo quando estas pré-concepções contradizem o conhecimento profissional. Outro bom exemplo de uma teoria sempre em mutação é aquela da luz. Os antigos gregos desenvolveram uma teoria "corpuscular" da luz, i.e., que a luz é um fluxo de minúsculas partículas emanando de uma fonte e se movendo linearmente em todas as direções. A teoria da óptica geométrica foi desenvolvida com base nesta presunção. Esta teoria serviu com sucesso a humanidade durante séculos, para desenhar e construir lentes, prismas, espelhos planos e curvos, auxiliares para a visão, e mais tarde os microscópios, telescópios e outros sistemas ópticos. Descobriu-se então que a luz também segue um movimento ondulado e portanto isso foi reinterpretado como ondas eletro-magnéticas com um comprimento de onda muito curto. Cientificamente, a teoria corpuscular desenvolveu-se numa teoria de ondas. No início do século 20, Albert Einstein sugeriu que, na verdade, a luz possui uma natureza dual, i.e., a unificação, em uma entidade, de dois conceitos opostos de uma partícula de matéria e de um movimento de onda. Esta nova idéia tornou-se a base da fundamental teoria da mecânica quântica. É interessante notar que a Cabalá usa a luz como metáfora para o poder de D’us. Fala em termos de Or Ein Sof – a luz Infinita. Um dos princípios da fé é que D’us é onipotente e pode encerrar opostos. O fato de a luz possuir uma natureza dual e poder carregar um oposto a transforma na perfeita metáfora para a Divina energia. Neste terceiro estágio do desenvolvimento da teoria da luz, fica claro que esta unificação de dois conceitos sublinha a unidade de D’us dentro da Criação. (veja O Rebe de Lubavitch sobre Ciência e Tecnologia", pelo Professor Herman Branover em B’Or Ha’Torah, vol. 9). A idade do universo Um problema que incomoda a muitos é esta contradição aparentemente irreconciliável: a ciência alegando que o mundo teria bilhões de anos e a opinião da Torá de que o mundo tem 5765 anos de idade (na data deste artigo). Além disso, esta contradição tem levado alguns cientistas religiosos bem-intencionados a re-interpretar as passagens de Bereshit dizendo que os dias da Criação referem-se a períodos ou eras, e não a dias comuns. Eles sugerem que como o sol, a lua e as estrelas apenas estiveram "pendurados no céu" no quarto dia da Criação, portanto o dia de 24 horas não poderia ter existido até pelo menos o quarto dia. Além disso, alegam eles, se alguém atribuísse vastos períodos de tempo a cada um dos dias da Criação, todas as teorias da evolução e o Big Bang poderiam se encaixar muito bem com a Torá. No entanto, esta interpretação entra em conflito com o mandamento do Shabat – uma mitsvá considerada por nossos Sábios como equivalente à toda a Torá. Pois, se alguém pegar as palavras "um dia" fora do contexto e significado puro, na verdade anula toda a idéia do Shabat como o sétimo dia declarada no mesmo contexto. A idéia da observância do Shabat está baseada na declaração clara e inequívoca da Torá: "Pois em seis dias D’us fez o céu e a terra, e no sétimo dia Ele cessou o trabalho e descansou." – dias, não períodos. Como foi mencionado previamente, estas tentativas de re-interpretar a Torá são, obviamente, o legado anacrônico do século 19. Hoje em dia não existe justificativa para perpetuar este "complexo de inferioridade". Certamente não há bases para se apegar a opiniões que foram eliminadas dos livros escolares sobre ciência. É lamentável pensar que aqueles que deveriam ser os campeões da opinião da Torá e seus advogados, especialmente entre a juventude judaica em geral e a juventude acadêmica em particular, são tímidos ou até envergonhados para postulá-la. O exposto acima não tem a intenção de diminuir a ciência ou o método científico, ao contrário, deve haver uma diferenciação entre a ciência efêmera e as teorias extraídas da especulação científica. Isto contrasta com a Torá, que é eterna e imutável. Quando a Torá é modificada ou alterada por motivo de concessão, seja a qualquer extensão, deixa de ser verdade. E a verdade permanece a mesma para todas as pessoas e para todos os tempos. Se alguém aceita a eternidade da Torá, e isso pode apenas ser com base de Torah min Hashmayim, então seria absurdo dizer que, embora a Torá tenha sido dada por D’us, os tempos mudaram, como se o Criador e Governador do universo não pudesse ter previsto que haveria um século 21 quando determinados grupos de pessoas, como os cientistas ou "modernistas", estariam inclinados a aceitarem apenas uma Torá comprometida, não a Torá da verdade. Vamos examinar mais de perto os métodos empregados pelos cientistas para descobrirem a idade do universo. A ciência tem dois métodos gerais de dedução: 1 – O método da interpolação (para distinguir da extrapolação), por meio do qual, conhecendo a reação sob dois extremos, tentamos deduzir qual poderia ser a reação a qualquer ponto entre os dois. 2 – O método da extrapolação, por meio do qual são feitas deduções além do alcance conhecido, com base em certas variáveis dentro do alcance conhecido. Por exemplo, suponhamos que conhecemos as variáveis de um determinado elemento dentro de uma variação de temperatura de 0 a 100 e, baseados nisso, estimamos como seria a reação a 101, 200 ou 2.000. Dos dois métodos, o segundo é claramente o mais incerto. Além disso, a incerteza aumenta com a distância do alcance conhecido e com o decréscimo desse alcance. Assim, se o alcance conhecido está entre 0 e 100, nossa dedução a 101 tem uma probabilidade maior que a 1001. Vemos logo que todas a especulação sobre a origem e idade do mundo vem dentro do segundo método, mais fraco. A fraqueza se torna mais aparente se tivermos em mente que uma generalização inferida a partir de um antecedente conhecido para um antecedente desconhecido é mais especulativa que uma inferência de um antecedente para um conseqüente, como pode ser demonstrado de maneira muito simples. Quatro dividido por dois é igual a dois. Aqui o antecedente é representado pelo dividendo e pelo divisor, e o conseqüente pelo quociente. Conhecer o antecedente neste caso nos dá um resultado possível – o quociente – número dois. No entanto, se pudéssemos saber o resultado final, ou seja, o número dois, a resposta permite diversas possibilidades, às quais se chega por métodos diferentes: 1 + 1 = 2, 4 – 2 = 2, 1 x 2 = 2, 4 : 2 = 2. Note que se outros números entrarem na conta, o número de possibilidades nos dando o mesmo resultado é infinito (pois 5 – 3 = 2, 6 – 4 = 2, etc., ad infinitum.) Acrescente a esta outra dificuldade que prevalece em todos os métodos de dedução. As conclusões baseadas em certos dados conhecidos, quando estendidas para áreas desconhecidas, somente podem ter validade com a presunção de "tudo mais é igual", o que equivale a dizer, numa identidade de condições prevalecentes e sua ação e contra-ação uma sobre a outra. Se não pudermos ter certeza de que as variações ou mudanças teriam ao menos uma relação próxima em grau com as variáveis existentes, se não pudermos ter certeza de que as mudanças terão qualquer semelhança da mesma espécie, se, além disso, não pudermos ter certeza de que não houve outros fatores envolvidos – tais conclusões de inferências são completamente inválidas! Para ilustrar melhor numa reação química, seja de fissão ou de fusão, a introdução de um novo catalisador no processo, mesmo que em quantidade ínfima, pode mudar todo a duração e forma do processo químico ou começar um processo inteiramente novo. Ora, toda a estrutura da ciência é baseada em observações das reações e processos no comportamento de átomos em seu estado atual, como eles existem na natureza. Os cientistas lidam com aglomerações de bilhões de átomos quando estes já estão juntos, e como eles se relacionam com outras aglomerações de átomos já existentes. Os cientistas sabem muito pouco sobre os átomos em seu estado puro – como um único átomo pode reagir sobre outro único átomo num estado de separação – muito menos sobre como partes de um único átomo em quantidades mínimas; algumas delas elementos com potência catalisadora das quais pouco se conhece. 3 – A formação do mundo, se aceitarmos estas teorias, começou com um processo de coligação (união) de átomos separados, ou componentes do átomo, e sua conglomeração e consolidação, envolvendo processos e variáveis totalmente desconhecidos. Em resumo, de todas as teorias "científicas" fracas, aquelas que tratam da origem do cosmos e sua data são, como é admitido pelos próprios cientistas, as mais fracas de todas. Não admira que (e isso, por acaso, é uma das refutações óbvias destas teorias) as várias teorias "científicas" sobre a idade do universo não apenas se contradigam entre si mas, em alguns casos, sejam incompatíveis e mutuamente exclusivas, pois a data máxima de uma teoria é menor que a data mínima de outra. Se alguém aceitar tal teoria sem criticá-la, isso pode apenas levá-lo a um raciocínio errôneo e inconseqüente. Considere, por exemplo, a assim chamada teoria evolucionária da origem do mundo, baseada na presunção de que o universo evoluiu a partir de partículas atômicas e sub-atômicas existentes que, através de um processo evolutivo, se combinaram para formar o universo físico e nosso planeta, no qual a vida orgânica de certa forma se desenvolveu, também por um processo evolutivo, até surgir o homo-sapiens. É difícil entender por que alguém deveria realmente aceitar a criação de partículas atômicas e sub-atômicas num estado – que é francamente incognoscível – e inconcebível – porém ficar relutante para aceitar a criação dos planetas, ou organismos, ou um ser humano como sabemos que existem. O argumento da descoberta dos fósseis de maneira alguma é uma prova conclusiva da grande antiguidade da terra, pelas seguintes razões: 1 – Em vista das condições desconhecidas que existiram nos tempos "pré-históricos", como já mencionado – condições que poderiam ter causado reações e mudanças de natureza e tempo inteiramente diferentes daquilo que se conhece atualmente sobre os processos da natureza – não se pode excluir a possibilidade de que os dinossauros existiram há 5.000 anos e se fossilizaram sob formidáveis cataclismos naturais no decorrer de alguns poucos anos, em vez de em milhões de anos, pois não temos medidas ou critérios de cálculos concebíveis sob estas condições conhecidas. 2 – Mesmo supondo que o período de tempo que a Torá dá para a idade do mundo seja curto demais para a fossilização, pode-se aceitar prontamente a possibilidade de que D’us criou os fósseis, ossos ou esqueletos (por razões somente conhecidas por Ele), assim como ele pôde criar organismos vivos prontos, um homem completo, e outros produtos prontos como o petróleo, carvão ou diamantes, sem qualquer processo evolutivo. Quanto à pergunta, se o último raciocínio é verdadeiro, para começar, porque D’us teve de criar os fósseis? A resposta é simples: não podemos saber o motivo pelo qual D’us escolheu esta maneira de criar em preferência à outra e, qualquer que seja a teoria da criação aceita, a questão ainda continuará não respondida. A pergunta "Por que criar um fóssil?" não é mais válida que a pergunta "Por que criar um átomo?" Certamente, este tipo de pergunta não pode servir como um argumento sólido, muito menos como base lógica para a teoria da evolução. Que base científica existe para limitar o processo criativo somente a um processo evolucionário, começando com partículas atômicas e sub-atômicas – uma teoria repleta de lacunas inexplicadas e complicações – enquanto se exclui a possibilidade da criação segundo a narrativa bíblica? Pois, se esta possibilidade for admitida, tudo se encaixa certinho num padrão e toda a especulação sobre a origem e idade do mundo se torna desnecessária e irrelevante. Certamente não se pode questionar esta possibilidade dizendo: Por que o Criador deveria criar um universo completo, quando teria sido suficiente para Ele criar um número adequado de átomos ou partículas sub-atômicas com poder de coligação e evolução para se desenvolverem na atual ordem cósmica? O absurdo deste argumento se torna ainda mais óbvio quando se transforma na base para uma teoria frágil como se estivesse baseada em argumentos sólidos e irrefutáveis, afastando todas as outras possibilidades. Evolução Antes de mais nada, precisamos declarar que a teoria da evolução não aparece na narrativa da Torá sobre a criação. Mesmo que esta teoria fosse substanciada e a mutação das espécies ficasse provada em testes de laboratório, mesmo assim isso não iria contradizer a possibilidade de o mundo ter sido criado conforme o relato da Torá, em vez de pelo processo evolutivo. E ainda mais, como toda esta teoria é altamente especulativa e, embora durante os anos de pesquisa e investigação desde que a teoria foi primeiro apresentada, tenha sido possível observar certas espécies de animais e plantas com um curto período de vida no decorrer de milhares de gerações, mesmo assim jamais foi possível estabelecer uma transmutação de uma espécie para outra, muito menos transformar uma planta em animal. Tal teoria não pode ter lugar no arsenal da ciência empírica. A teoria da evolução é um exemplo típico de como uma teoria altamente especulativa e fraca cientificamente capturou a imaginação das massas e tem permitido a elas desconsiderar a narrativa bíblica, apesar do fato de que a teoria não foi substanciada cientificamente e não tem qualquer verdadeira base científica. É quase como se os cépticos estivessem procurando uma razão para desacreditar. Seu axioma equivocado era que a Torá está errada e eles precisavam de alguma teoria em substituição. A evolução era perfeita. Fornecia uma teoria da criação sem D’us e estimulava a tendência ateísta. Na verdade, é altamente não-científica; a ciência pura deve estar baseada em dados efêmeros. A natureza humana também afetou o debate. Embora as várias teorias tentando explicar a origem e idade do mundo sejam fracas, estão adiantadas porque é uma questão de natureza humana buscar uma explicação para tudo em seu ambiente e qualquer teoria, mesmo que absurda, é melhor que nenhuma, pelo menos até que uma explicação mais plausível possa ser engendrada. Alguém poderia perguntar por que, na ausência de uma teoria mais sólida, a narrativa bíblica não é aceita pelos cientistas? A resposta novamente será encontrada na natureza humana. É uma ambição humana natural ser inventivo e original. Aceitar a narrativa bíblica priva a pessoa da oportunidade de mostrar engenhosidade analítica e indutiva. Portanto, desconsiderando a narrativa bíblica, os cientistas devem criar motivos para justificar isso, e se refugiam em classificá-la como mitologia primitiva e antiga, pois não pode ser discutida com base científica. Convergir, não divergir Com o passar do tempo, a ciência descobrirá realmente as verdades da Torá. Em vez de serem vistas como divergentes, a ciência e a religião estão convergindo. Há uma história sobre um grupo de cientistas que estava subindo a montanha da criação. Quando chegaram ao cume, encontraram um rabino sentado, estudando. Ele levantou os olhos do livro e disse aos perplexos cientistas: "Eu falei que era verdade!" Este fato foi previsto pelo antigo texto cabalista, o Zôhar. Sobre o versículo em Bereshit 7:11: "No seiscentésimo ano da vida de Nôach… todas as fontes de grande profundidade se abriram e as janelas do céu foram abertas", o Zôhar comenta: No seiscentésimo ano do sexto milênio, os portões da sabedoria do alto serão abertos, assim como as fontes de sabedoria de baixo, e o mundo estará preparado para ser elevado no sétimo milênio. O Zôhar predisse que no ano hebraico de 5600, que corresponde ao ano 1840 da EC, haverá grande desenvolvimento tanto na sabedoria do alto quanto na sabedoria de baixo. A sabedoria do alto refere-se ao conhecimento esotérico no qual revelações importantes foram feitas na disseminação da Filosofia Chassídica a partir daquele ano. É bem conhecido o fato de que o fundador do Movimento Chassídico, o Báal Shem Tov, certa vez, através de misteriosos meios cabalistas, entrou no palácio celestial de Mashiach e perguntou a ele: "Quando o Mestre virá?" Mashiach respondeu: "Quando os mananciais dos teus ensinamentos estiverem largamente difundidos." Os principais desenvolvimentos nos ensinamentos e disseminação do Chassidismo que ocorreram depois do ano 1840 são um verdadeiro cumprimento daquela indicação. A sabedoria de baixo refere-se aos grandes avanços na ciência, que também começaram por volta daquela época. As grandes revoluções industriais, que ocorreram em meados do século 19, abriram caminho para os grandes avanços tecnológicos dos anos recentes. A conexão entre estas duas sabedorias é que elas convergirão. Na Era Messiânica, está profetizado que (Yeshayáhu 40:5), "… a glória de D’us será revelada, e toda a carne verá junta que a boca do Eterno falou." Como uma preparação para a revelação messiânica, haverá uma explosão na descoberta científica, revelando a verdade da sabedoria esotérica da Torá. De fato, as descobertas nas ciências naturais tem jogado uma nova luz sobre as maravilhas da criação e a tendência moderna tem sido rumo ao reconhecimento da unidade permeando a natureza. De fato, a cada avanço da ciência, a unidade subjacente no mundo físico tem se tornado mais claramente perceptível; a tal ponto, que a ciência está agora procurando a fórmula ideal que englobará todos os fenômenos do mundo físico em uma única equação abrangente. Com um pouco mais de percepção, pode ser visto que a unidade na natureza é o reflexo do verdadeiro monoteísmo em seu conceito judaico. Pois, como os judeus concebem o monoteísmo, não é apenas a crença de que há um único D’us, mas que a unidade de D’us transcende também o mundo físico, de modo que há apenas uma única realidade, ou seja, D’us. De fato, o princípio da unidade é a essência do Judaísmo – pois Avraham primeiro proclamou o monoteísmo num mundo de idolatria – que atingiu a plenitude na revelação no Monte Sinai. Pois o verdadeiro monoteísmo, como professado por nós, não é somente a verdade de que há apenas um único D’us e ninguém como Ele, mas que não há "nada além d’Ele" (Ein Od); ou seja, a negação da existência de qualquer realidade, exceto D’us, a negação do pluralismo e dualismo, até mesmo da separação entre o material e o espiritual. Como foi notado previamente, quanto mais avançam as ciências físicas, mais a pessoa se aproxima do princípio de unidade, até mesmo no mundo material. Antes, era a opinião aceita que a pluralidade e o composto no mundo material seriam reduzidos a algumas centenas de elementos e entidades básicos, e as forças e leis físicas foram consideradas como sendo separadas e independentes, para não mencionar a dicotomia entre a matéria e a energia. No entanto, nos anos recentes, com o avanço da ciência, os elementos básicos foram reduzidos a diversos maus componentes elementares dos átomos – elétrons, prótons e nêutrons – e mesmo esses foram imediatamente qualificados como não sendo os supremos "blocos" de matéria, até que se descobriu que a matéria e a energia eram redutíveis e conversíveis uma na outra. É bem conhecido que o Báal Shem Tov ensinou, e Rabi Shneur Zalman de Liadi explicou e ampliou, que cada detalhe na experiência humana é uma instrução no serviço do homem a D’us. Assim, aquilo que foi dito acima sobre o avanço da ciência exemplifica também o progresso do avanço humano no serviço de D’us. O homem possui dois elementos aparentemente contraditórios, não menos compatíveis que a incompatibilidade da matéria e espírito, cuja contrapartida no mundo físico é matéria e energia, ou seja, a alma Divina e a alma animalesca. Ou, num nível inferior, o yetser tov (boa inclinação) e o yetser hará (má inclinação). Porém esta incompatibilidade é evidente apenas no estágio infantil de progresso no serviço Divino, comparado à pluralidade dos elementos e forças que se presumia existir na natureza física. Assim como a apreciação da unidade subjacente da natureza cresceu com o avanço da ciência, também a perfeição no serviço Divino leva à percepção da unidade essencial na natureza humana, a tal ponto que o yetser tov e o yetser hará se tornam um só, através da transformação do yetser hará em yetser tov, pois caso contrário, obviamente, não pode haver unidade e harmonia, pois tudo que é sagrado, positivo e criativo não pode viver em paz e ser subserviente àquilo que é profano, negativo e destrutivo. E nesta unidade conquistada o judeu proclama: "Ouve, ó Israel, o Eterno é nosso D’us, o Eterno é Um." Isto é também o que nossos Sábios quiseram dizer quando falaram que as palavras "E amarás o Eterno teu D’us de todo o coração" (as palavras logo em seguida ao Shemá) significam: amar a D’us com tuas duas inclinações, o yetser hará e o yetser tov. Conclusão: A intenção deste artigo não é fazer aspersões sobre a ciência ou desacreditar o método científico. A ciência não pode agir a menos que aceite certas teorias ou hipóteses, mesmo que não possam ser verificadas, embora algumas teorias continuem a existir mesmo quando são cientificamente refutadas ou desacreditadas. Nenhum progresso técnico seria possível, a menos que determinadas leis físicas sejam aceitas, embora não haja garantias de que a lei se repetirá. No entanto, a ciência apenas pode lidar com teorias, não com certezas. Todas as conclusões científicas ou generalizações apenas podem ser prováveis em maior ou menor grau, segundo as precauções tomadas no uso das provas disponíveis, e o grau de probabilidade necessariamente decresce com a distância dos fatos empíricos ou com o aumento das variáveis desconhecidas, etc. Tendo isso em mente, a pessoa perceberá que não pode haver um verdadeiro conflito entre qualquer teoria científica e a Torá. Pelo contrário, uma cuidadosa análise das descobertas da ciência moderna e do seu significado filosófico mostra uma convergência e harmonia da ciência com a Torá. Muitos judeus atualmente se tornaram alienados da Torá e do estilo de vida judaico por causa do enorme, quase hipnótico, efeito de uma ciência aparentemente onipotente. Milhares justificam este secularismo pelo "fato" de que são "mais esclarecidos" que as gerações passadas. Muitos no campo religioso preferem ignorar (ou banir) a discussão do desenvolvimento da ciência e tecnologia, ou ajustar a Torá ao pensamento moderno. Na verdade, nenhuma atitude merece crédito. A abordagem correta é que não há motivo para o judeu observante de Torá ficar intimidado pela explosão da ciência e tecnologia, ou para tomar uma atitude apologética. Ele deveria sempre ter em mente o dito do Zôhar (vol. I pág. 161b): "D’us olhou na Torá e criou o mundo." Isso significa que a Torá é o projeto da criação, e o produto final (o universo) não pode contradizer o projeto (a Torá) pela qual foi projetado. Por definição, a Torá é a sabedoria Divina. Portanto, a Torá é a suprema e única fonte da verdade, completa e definitiva, o conhecimento sobre tudo, incluindo os objetos e os fenômenos que a ciência examina. O conhecimento da Torá brota de uma perspectiva "do Alto", ao passo que o conhecimento científico, obtido pela processamento racional de informação empírica, se origina "de baixo". Por fim, estas fontes irão convergir. Podemos esperar ansiosamente a Era Messiânica na qual a ciência, que em si é neutra, será elevada para servir a propósitos sagrados. Um maior desenvolvimento e análise científica nos ajudará a compreender os conceitos da Torá. A tecnologia levará o mundo a uma situação na qual, como Maimônides descreve a Era Messiânica, "não haverá fome nem guerra, inveja ou competição, pois as coisas boas fluirão em abundância e todos os deleites estarão tão disponíveis quanto o pó. A ocupação do mundo inteiro será somente conhecer a D’us." Por Nissan Dovid Dubov Rabino Nissan D. Dubov é diretor do centro Chabad Lubavitch em Wimbledon, UK. O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. 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O Poder da Cura Por Rabino Ilan Stiefelman - Lubavitch Copacabana

Conta-se que certa vez três grandes sábios caminhavam pelas ruas de Jerusalém quando foram interpelados por um homem bastante abatido. "Rabinos”, disse o homem, “estou muito doente, preciso me curar.” Os rabinos confabularam e logo lhe prescreveram a ingestão de determinadas ervas. O homem, que esperava deles uma bênção espiritual como resposta, soltou uma gargalhada irônica. “Essa é boa! Não estou entendendo!” – disse ele. “Se foi D’us quem me brindou com esta doença, então vocês estão interferindo em Seu domínio, ao receitar remédios físicos. Com todo o respeito, me parece um desafio ao Criador”. Um dos sábios apontou para a foice que o homem segurava e falou: “Percebo que você ganha a vida no campo. Saiba que assim como nada brota sem que um agricultor cuide da terra para mantê-la cultivável, assim também com relação ao corpo humano; é imperativo que o médico administre os remédios que forem necessários para manter o paciente saudável”. A Torá é muito clara sobre essa questão: a fim de preservar uma vida não só é permitido, mas obrigatório buscar ajuda médica. Os médicos são considerados agentes do Todo Poderoso e cada médico tem a companhia de um anjo da cura. A cura vem de D’us, por intermédio de seus agentes qualificados. E justamente por esse motivo devemos respeitar e agradecer todo e qualquer médico que dedica a vida para melhorar e salvar nossas vidas, quando necessário. O Rebe de Lubavitch sempre recomendou aos que o procuravam com problemas de saúde: consulte um bom médico e siga as orientações dele! Ao mesmo tempo, ele sugeria também que as Mezuzot e os Tefilin fossem verificados por um Sofêr, escriba qualificado, e acrescentava para que a pessoa reforçasse sua prática judaica e principalmente sua confiança em D’us. Vemos que a formatação da bênção do Rebe contém uma mensagem subliminar de fé e esperança: ao mesmo tempo em que é concedido todo o crédito para os medicos. O Rebe nos lembra que nos bastidores está sempre presente uma força maior, a do Todo Poderoso D’us, que é quem trará a cura, através da sabedoria e avanços da ciência. A medicina e o judaísmo são parceiros. Que todos possam ter muita saúde, e que o Todo Poderoso realize milagres visíveis para que todos aqueles que precisam de cura possam encontrá-la rapidamente. E que possamos muito em breve merecer uma nova era, onde não haverá mais nenhuma doença ou aflição. O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. Se você gostou deste artigo, autorizamos sua divulgação, desde que você concorde com nossa política de copyright.

O Olhar de Um Justo Por Tor@mail

Nessa Parashá, Avraham pede a D’us para desistir da destruição de uma cidade se esta tivesse ao menos dez pessoas justas. Por que ele não pediu para poupar apenas essas dez pessoas e não a cidade inteira? Do que resolveria dez pessoas contra uma cidade inteira de perversos? Para entender sua posição, segue uma história. No séc. 18 o Czar instituiu uma prática terrível, para ‘unificar’ os cidadãos russos e também ‘salvar’ suas almas. Jovens meninos, principalmente judeus, eram raptados de suas casas e levados a campos de treinamento onde eram ensinados como tornarem-se Cristãos Russos Ortodoxos. Haviam crianças que resistiram às torturas terríveis e permaneceram fiéis ao judaísmo, mas foram poucas. A maioria morria ou então sucumbia à pressão e se convertia. Eli Leib Itskovits estava entre a maioria; com apenas doze anos ele foi sequestrado e não resistiu à pressão por sentir muito medo e estar sozinho. O padre parecia tão caloroso e amigo quando falava da igreja e tão temível quando falava de castigos por desobediência que Eli resolveu se deixar levar pela corrente. Ele mudou seu nome para Sasha e ascendeu muito no escalão até acabar tornando-se tão respeitado que quinze anos depois estava para ser promovido à oficial. Como prêmio, junto com alguns outros soldados ele recebeu dez dias de folga. No primeiro dia eles apenas comeram e dormiram, depois viajaram para uma cidade vizinha e embebedaram-se. Começaram a lembrar e falar de seus pais falando que iriam visitá-los. Eli de repente lembrou-se dos seus, veio em sua mente a imagem dos olhos penetrantes e bondosos de sua mãe e a voz de seu pai. Ficou tão tocado que resolveu visitar seu antigo lar. Passaram-se horas e ele estava na frente de sua velha casa. Bateu na porta. Uma senhora de meia-idade abriu e ele pensou: “será que é minha mãe?” Ela parecia muito mais velha, e certamente não o reconheceu. Ela o tratou como outro cidadão russo qualquer. Ele então começou a puxar conversa e acabou levando o assunto a sua família. Ela contou-lhe que seu marido tinha falecido há alguns anos de cólera, e ela tinha apenas um filho que tinha sido raptado pelo exército quinze anos atrás. E agora estava sozinha. Era sua mãe. Eli teve que controlar suas lágrimas. Seu pai estava morto, ele nunca mais o veria! Nunca mais! Seu coração apertou forte. Ele pensou que tivesse esquecido de seus pais, depois de tanto tempo servindo no exército. Tentou mudar de assunto até que olhou para sua mãe nos olhos e disse baixinho. “Mãe, sou eu! Sou o Eli!” Eles se abraçaram e um choro irrompeu o silêncio. Ela disse e repetiu seu nome várias e várias vezes, como se pudesse compensar a falta de todos esses anos. Passado o impacto da forte emoção, Eli contou sobre o exército e tudo o que fez nos últimos anos. Os olhos de sua mãe esbarraram na cruz pendurada em uma correntinha em seu pescoço. “Ora, isso?” Ele falou. “Mudei minha religião. Não é nada demais. Judaismo é uma coisa do passado mesmo. Os mandamentos são antigos, etc.” E ele toda a doutrina que havia aprendido com o padre. Sua mãe então implorou para que ele retornasse ao seu caminho, a fonte judaica contando-lhe sobre a devoção de seu falecido pai e o amor que nutria pela Torá e seus ensinamentos. O quanto gerações haviam se dedicado a fim de permanecerem fieis ao judaísmo mesmo que isto significasse o custo de suas próprias vidas. Inútil. Ele permaneceu por mais alguns dias ajudando-a nos afazeres e consertando o que fosse necessátio, mas anunciou que chegava a hora de retornar ao exército. Ao se despedir de seu filho dando-lhe um beijo, e um conselho: “Não quero lhe perder de novo, nem que você seja morto. Perto de nossa cidade, em Liadi, tem um grande rabino chamado Rebe Schneur Zalman. Por favor vá até ele lhe entregar esse bilhete e pedir uma benção.” Eli iria recusar, mas o olhar de sua mãe lhe implorando por este pedido foi extremamente forte e apelativo e resolveu ir para Liadi. Ao chegar lá, não enfrentou a imensa fila de espera para falar com o Rebe, jea que os chassidim tinham instruções que soldados não deviam esperar. Quando viu o Rebe, de repente ele sentiu um forte medo percorrendo seu corpo, da cabeça aos pés. Entregou o bilhete ao Rebe, que lhe fez algumas perguntas e finalmente falou: “Que o Todo Poderoso lhe dê sucesso em tudo o que você fizer.” Eli tomou coragem e pediu para o Rebe lhe dar uma moeda que pudesse carregar para ter sorte e proteção conforme sua mãe lhe havia instruído. Mas o Rebe somente respondeu: “D’us lhe protegerá sem uma moeda e lhe dará compreensão para escolher o caminho correto.” Quando Eli se retirou da presença do Rebe, sentiu como uma criança, alegre e leve. Foi como se o Rebe o tivesse restituído algo vivo e infinito que ele havia perdido. No dia seguinte, quando voltou à base, uma coisa estranha aconteceu. Foi colocado um aviso na porta do refeitório: ‘Por ordem do Czar todos aqueles que quisessem voltar à religião de seus pais poderiam fazê-lo’. Eli foi o primeiro a responder. Ele pediu ao seu superior para voltar a ser chamado Eli Leib e ser registrado como judeu. Logo o padre e vários oficiais vieram para uma conversa particular, tentar convencê-lo a mudar de ideia e mostrar como estava cometendo um erro tremendo jogando todo o seu brilhante futuro pela janela. Mas Eli tinha olhado nos olhos do Rebe. Ele esperou todos terminarem de falar para dizer: “Nasci judeu e morrerei judeu. O primeiro judeu, Avraham, estava sozinho e o mundo inteiro estava contra ele, mas eu estou com ele, assim como meu pai esteve, e minha mãe, e antes disso meus avós e assim por diante!” Eli foi rebaixado de seu posto e perdeu todas as suas regalias. Logo depois acabou seu tempo de serviço no exército voltou para sua mãe e a primeira benção do Rebe se materializou; ele encontrou um bom trabalho e uma boa esposa e viveu bastante tempo para ver três gerações: filhos, netos e bisnetos. Pelo menos uma vez por ano ele unia sua família para repetir a história de como o semblante do Rebe o transformou em um homem completamente diferente. Isso responde à nossa pergunta: não temos como entender o poder de um Tsadik, como vemos na nossa história, apenas uma palavra ou olhar de um judeu sagrado pode mudar uma pessoa completamente. Agora podemos entender por que ntão Avraham pensou que se talvez tivesse dez desses tsadikim em cada cidade, eles poderiam influenciar mesmo os mais perversos, assim como o Rebe influenciou Sasha, o Elie Leib apenas adormecido de nossa história. O conteúdo dessa página tem o copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido pelo nosso parceiro de conteúdo, Chabad.org. 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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O Mês de Cheshvan Aprendemos que este mês "está reservado" para o tempo de Mashiach, que inaugurará o Terceiro Templo

Segundo o Sêfer Yetzirah, cada mês do ano judaico tem uma letra do alfabeto hebraico, um signo do Zodíaco, uma das doze tribos de Israel, um sentido e um membro controlador do corpo que correspondem a ele. Cheshvan é o oitavo mês do calendário judaico. Na Bíblia, Cheshvan é chamado chôdesh bul, da palavra mabul, "o dilúvio". O dilúvio começou a 17 de Cheshvan e terminou no ano seguinte, a 27 de Cheshvan. No dia seguinte, Nôach ofereceu um sacrifício a D’us e D’us prometeu jamais enviar um dilúvio sobre a terra novamente para destruir toda a humanidade, e então revelou o sinal de Seu pacto com o mundo, o arco-íris. Cheshvan é o único mês que não possui dias festivos ou mitsvot especiais. Aprendemos que este mês "está reservado" para o tempo de Mashiach, que inaugurará o Terceiro Templo. Letra: nun Nun é considerada como sendo a letra de Mashiach, como está escrito (com referência a Mashiach): "antes do sol, está seu nome Ye-non [de nun]" (Tehilim 72:17). Como radical do verbo, nun significa "reinar". Como substantivo, significa "o herdeiro do trono". O oitavo mês é o mês de Mashiach, pois oito significa a eterna revelação do sobrenatural (o estado consumado de natureza retificada é o segredo do número sete). Como a "harpa" deste mundo possui sete cordas, a harpa de Mashiach possui oito cordas. Assim como 8 transcende o 7, assim também 50 (o valor numérico de nun) transcende 49,7 ao quadrado. Neste mundo, o nun está curvado, confinado pelos limites da natureza. Com a vinda de Mashiach, o nun "se endireita" (o formato do nun final), rompe os limites da natureza e desce "abaixo da linha" até os reinos subterrâneos da realidade a fim de ali revelar a a luz infinita e abrangente de D’us. Mazal: Akrav (Escorpião). Nossos Sábios ensinam que o escorpião é o membro mais mortal da categoria geral de criaturas peçonhentas cuja figura modelo é a serpente primordial do Éden. A palavra akrav deriva da palavra akev (calcanhar) como está escrito: "E tu [a serpente] o morderá [o homem] no calcanhar" (Bereshit 3:15). Assim, o akrav simboliza a "mordida" consumada da cobra no calcanhar do homem. De forma geral, o veneno da cobra é "quente", e o veneno do escorpião é "frio". O Mashiach é a única alma que pode superar, matar e por fim reviver a serpente primordial (a fim de convertê-la para o bem). A alma de Mashiach e seu contínuo estado de consciência manifestam a suprema retificação de "calor", "ardendo" somente em seu amor por D’us e Israel, bem como de "frio" – "totalmente frio" às falsas vaidades desse mundo. Este é o segredo da equação numérica: Mashiach (358) = serpente (nachash). Akrav (372) = Mashiach (nachash mais David (=14); nun é a 14ª letra do alef-beit). As letras radicais de Cheshvan permutam-se para escrever nachash (em Cheshvan o nun está "endireitado"; em nachash está "curvado". Tribo: Menashe Menashe é o primogênito de Yossef. Derivando da palavra "esquecer" (literalmente, "saltar, para cima e para longe"), Menashe sugere o poder do tsadic (Yossef) de nos fazer esquecer as provações, dificuldades e tribulações deste mundo, com a vinda de Mashiach. Pelo poder e sentido de Menashe, todo o sofrimento deste mundo se transformará e metamorfoseará no prazer da Era Messiânica. O nome Menashe permuta-se para grafar neshamá (alma). Menashe representa o sentido de revelar a alma Divina em Israel. Na Torá Moshê é chamado Menashe, pois Menashe é Moshê (Moisés) com um nun adicional (a letra de Cheshvan). Sobre Moshê foi dito: "Ele é o primeiro redentor e ele é o redentor final" (Veja Shemot Rabah 4:2; Zohar 1:253a; Sha'aar HaPesukim, Vayechi; Torah Or, início de Mishpatim). Em sua primeira vida (como o "primeiro redentor") ele não atingiu o "50º portal do entendimento" (o entendimento do Próprio D’us, por assim dizer, e Sua mais profunda intenção na criação do universo). Quando ele retorna como Mashiach, receberá para sempre o "50º portal", o nun de Mashiach, o segredo de Menashe (Moshe-nun. No Zohar, aprendemos que quando Moshê pela primeira vez deixou este mundo, recebeu o "50º portal" e foi "sepultado". Através do estudo da Mishná, (no tempo do exílio) revelamos a neshamá de Israel e portanto merecemos a redenção de Moshê-Mashiach e a revelação para todos na terra do "50º portal". Sentido: olfato O sentido do olfato é o mais espiritual de todos os sentidos. A palavra hebraica para "olfato", rei'ach, é cognata àquela para espírito (ruach). Nossos Sábios ensinam que o olfato é o único sentido que "a alma desfruta, e não o corpo". "Alma" – neshamá – é uma permutação de Menashe, como foi mencionado acima. O sentido do olfato é o único sentido (dos cinco sentidos comuns) que não participou, e portanto não foi maculado ou corrompido no pecado primordial do homem no Jardim do Éden. É o sentido que salvou o povo judeu na época de Mordechai e Esther, que são chamados Mor veHadas ("mirra e murta" – as duas fontes primárias de fragrância). Está declarado explicitamente que o sentido de Mashiach é o olfato. "E ele cheirará na reverência a D’us" – "ele julgará pelo odor" (ao invés de pela visão ou audição. Yeshayáhu 11:3; Sanhedrin 93b). Por meio de seu sentido do olfato (seu ruach hacôdesh, "espírito sagrado") Mashiach saberá como conectar cada alma judia à sua raiz Divina, e assim identificar sua tribo (ramo) em Israel. Controlador: Intestinos A palavra para intestinos (dakin) deriva da palavra "pequena" (daká) ou "partícula" (dak). Isso implica o poder de dissecar em partes pequenas e refinadas. No processo de preparar o incenso para o Templo (a suprema expressão do sentido do olfato no serviço do Templo), deve-se dizer (e repetir muitas vezes) "moa bem, moa bem" (hadek heitev, heiteiv hadek: hadeik de dak). Todos os sacrifícios no serviço do Templo são para produzir "um aroma satisfatório" (rei'ach nichoach) e agradar o Divino sentido de olfato, que implica a Divina "satisfação" com o serviço de Seus filhos, Israel em particular e com Sua criação em geral. Nossos Sábios interpretam a expressão rei'ach nichoach como "Eu estou satisfeito (nachat ruach), pois falei e Minha vontade foi cumprida". Esta satisfação Divina com o homem e a criação foi primeiro expressa a 28 de Cheshvan, quando Nôach ofereceu seu sacrifício a D’us. Devido à Sua satisfação, D’us prometeu a Nôach jamais destruir o mundo novamente através do dilúvio. Como está expresso claramente nas leis da Torá, é a gordura dos intestinos que quando oferecida sobre o altar produz o aroma "satisfatório" para D’us. Por este motivo, considera-se que os intestinos controlam o sentido do olfato. O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. 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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Uma História para Viver Por Tor@mail

Nessa semana lemos sobre a história estranha de como D’us destruiu o mundo com um dilúvio só porque Suas criaturas O desapontaram. Embora pareça muito severo, com um pouco de aprofundamento poderemos ver que é realmente muito compreensível. Afinal de contas, D’us cria tudo e, de acordo com Judaísmo Ele cria o mundo inteiro constantemente... cada instante de novo, a partir do nada. É tudo d'Ele... então Ele pode fazer o que quiser. Mas o que não é muito claro é o que essa história está fazendo na Torá e o que nos ensina na prática. Além disso, porque Nôach que sobreviveu ao Dilúvio, não foi considerado o primeiro judeu, e somente Avraham. Para entender aqui está uma história. O Rabino Shabtai Slavtiski é o Sheliach (emissário) do Rebe de Lubavitch na Antuérpia, Bélgica. Ele dirige um Beit Chabad com uma grande congregação e é muito respeitado até mesmo por judeus que não são religiosos. Num domingo ele recebeu um telefonema de um senhor de idade, um comerciante de diamantes de sucesso, que disse que queria lhe falar com urgência. O Rabino Slavtiski, também um homem muito ocupado, parou tudo o que tinha para fazer e falou para esse senhor vir imediatamente. Meia hora depois ele entrou no escritório do Rabino com um olhar desesperado e suor no seu rosto, prestes a irromper num choro incontrolável. Ele era um senhor robusto, provavelmente com mais de sessenta anos, vestido num terno caro e com uma kipá preta nova sobre a cabeça. Ele perguntou se podia fechar a porta, sentou-se, pegou um lenço, limpou o suor de sua testa e começou a falar: “Rabino, há mais ou menos três meses decidi me tornar mais sério com relação ao judaísmo e comecei a fazer o que está escrito na Torá. Talvez tenha sido um pouco radical para um começo pois comecei a colocar Tefilin todo dia, comer casher e guardar o Shabat de uma tacada só. Colocar Tefilin todas as manhãs não foi difícil, eu já tinha feito isso quando era mais jovem e só me tomava alguns minutos de meu tempo todos os dias. Além disso, eu realmente tinha prazer em colocá-los e falar com Hashem todas as manhãs. Comer casher também não foi um grande problema... eu podia me permitir isso e nunca gostei realmente de comida que não era casher de qualquer jeito. “Mas o Shabat não foi nada fácil. Em primeiro lugar era um dia inteiro. Em segundo lugar, manter a loja fechada me custaria caro. Mas a pior coisa é que gosto muito de trabalhar e não consigo ficar parado. Então não era fácil. Mas eu consegui... e até mesmo comecei a me acostumar com isso. O senhor sabe, existe um orgulho em ser judeu e é bom demais fazer a coisa certa. Então por três meses guardei o Shabat. “Mas então, ontem aconteceu. Eu estava andando para casa de manhã voltando da sinagoga e aconteceu de passar na rua onde está minha loja e vi a rua cheia de gente... lotada!! Longas filas de pessoas de ótima aparência na frente de todas as lojas... com exceção da minha e de repente me lembrei! Era um dia especial, o Dia Internacional da Pedra Preciosa na Antuérpia e todos os comerciantes de diamante estavam lá, os maiores e os mais ricos de todo o mundo vieram lá para comprar. Acontece em todos anos e nesse ano caiu ontem... no Shabat!!! Mas então falei para mim mesmo... ‘Shabat é Shabat... não abrirei minha loja e ponto final!’ E comecei a andar para casa. Teria funcionado, mas de repente ouvi alguém gritando meu nome! Era o dono da loja vizinha à minha. Não sei o que ele estava fazendo na rua naquele momento, mas ele estava lá correndo atrás de mim e gritando como um louco. ‘O que aconteceu?’ Ele me perguntou. ‘Você está se sentindo bem? Aconteceu algo na sua família? Aonde você está indo?!’ Ele disse ainda: ‘É o Dia do Diamante! Olhe todas essas filas de compradores!!’ Respondi-lhe que, graças a D’us, tudo estava bem e comecei a caminhar, mas ele não me deixou em paz: “Tudo bem? Está tudo bem? Você está louco ou algo parecido! Hoje é o Dia da Pedra Preciosa! Veja!! Veja!!! Você pode ganhar tanto dinheiro hoje como num mês inteiro! Onde você vai?!” Tentei lhe explicar que sou um judeu e era Shabat e sabe o que ele falou? Ele disse, ‘Escute, doe todos os outros Shabatot para D’us. Esse é para VOCÊ!!!’ Falei para ele que tinha que ir. Corri para casa e tentei tirar tudo isso da minha cabeça. Mas não consegui. Queria trabalhar! Queria vender minhas pedras! É isso o que gosto de fazer. Foi isso o que cresci fazendo!! Peguei o copo de Kidush na minha mão, mas não podia pensar direito. Então falei para minha esposa dizer aos nossos convidados que não estava me sentindo bem, que estava com dor de cabeça. Fui para o meu quarto, peguei uma garrafa de vodka, bebi cinco copos até que fiquei tão bêbado que não conseguia ficar de pé então caí inconsciente na minha cama e dormi o Shabat inteiro.” O Rabino Slavtiski ouviu pacientemente, mas não conseguia entender o que esse senhor queria. “Entendi”, ele falou. “Mas o que posso fazer? O que o senhor quer que eu faça?” “Rabino,” ele falou quase chorando. “Quero saber que tipo de arrependimento tenho que ter para esse Shabat terrível! Posso dar caridade? Ou talvez tenha que jejuar? Ou talvez algo mais? Rabino, o que está escrito nos livros?” O Rabino Slavtiski viu a sinceridade simples desse judeu e não conseguiu se conter. Seus olhos se encheram de lágrimas e começou a chorar silenciosamente sem conseguir acreditar no que havia escutado. Quando o homem viu que o rabino estava chorando também começou a chorar. Seus olhos se abriram horrorizados e, balançando a cabeça em descrença disse, “Rabino, foi tão ruim assim? O senhor acha que não tem perdão para o meu pecado?” “O senhor não está entendendo,” o rabino respondeu. “Exatamente o contrário! O senhor sabe o que fiz ontem no meu Shabat? Sentei-me à minha mesa de Shabat com minha família e convidados, cantei musicas de Shabat, falei palavras de Torá, conversei com meus filhos e realmente tive prazer. Fiz tudo o que D’us quer que um judeu faça num Shabat. Mas o senhor fez um sacrifício! O senhor sacrificou seu dinheiro e seu prazer, o senhor mudou sua natureza. Que Shabat o senhor pensa que é mais prazeroso para Hashem, o meu ou o seu? Certamente o seu!!” Isso responde às nossas perguntas. Nôach fez exatamente o que D’us desejava. Ele não pecou, ele construiu uma arca, convidou todos os animais justamente como D’us pediu. Mas ele não sacrificou nada... ele não mudou nada dele. Algo parecido com o Rabino da nossa história. O judaísmo é baseado na vontade de sacrificar tudo de modo a cumprir a vontade de D’us, o Criador do Universo, por causa da verdade, algo como o comerciante de diamantes da nossa história. O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. Se você gostou deste artigo, autorizamos sua divulgação, desde que você concorde com nossa política de copyright.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

“Que Haja Luz!” Uma visão mais profunda

Por Jonathan Sacks Baseado nos Ensinamentos do Rebe Fonte: Licutê Sichot vol. X, págs. 7-12 Na narrativa da Criação, um detalhe nos intriga com a força do mistério: por que a luz foi criada antes de tudo o mais, quando não havia nada para se beneficiar dela? A explicação rabínica apenas aumenta o mistério, pois nos diz que a luz foi imediatamente “oculta para os justos no Mundo Vindouro.” O Rebe explica a dificuldade e elucida as implicações da narrativa da Criação para o indivíduo e a conduta de sua vida. 1 – A Primeira Criação “E D'us disse “Que haja luz, e houve luz.
”1 Este foi o primeiro dos pronunciamentos pelos quais D'us criou o mundo, e a luz foi a primeira de todas as criações. Mas por que foi assim? Pois a luz não tem valor por si mesma; sua utilidade depende da existência das outras coisas que são iluminadas por ela, ou que se beneficiam dela. Portanto, por que a luz foi criada quando nada mais existia? Alguém poderia dizer que esta foi simplesmente uma preparação para as coisas que mais tarde seriam feitas (na maneira que o Talmud2 diz que o homem foi criado por último para que tudo estivesse à disposição dele). Pois se é assim, a luz deveria ter sido criada pouco antes dos animais (que podem distinguir entre luz e escuridão), ou pouco antes das plantas (que crescem com a ajuda da luz), no terceiro dia da criação. 2 – A Luz Oculta Os Rabinos3 explicam que a luz feita no primeiro dia foi “oculta para os justos no Mundo Vindouro”. Porém isso é paradoxal. Como todo o propósito da luz é iluminar, por que teria sido escondida logo depois de ser criada; a própria negação de sua razão de ser? E embora os Rabinos tenham explicado por que a luz deveria ter sido escondida, ainda precisamos entender por que, se D'us previu isto, mesmo assim Ele a criou no início. Um outro comentário precisando de explicação é aquele do Zohar,4 dizendo que as palavras hebraicas para “luz” e “segredo” são numericamente equivalentes.5 A equivalência numérica é um sinal de que as duas coisas estão relacionadas uma com a outra (pois como as coisas foram criadas através das permutações das letras dos pronunciamentos Divinos, duas coisas cujos nomes são formados por letras do mesmo valor partilham uma forma essencial comum). Porém mais uma vez temos um paradoxo: a luz é, pela sua essência, uma coisa revelada, e um segredo é necessariamente oculto. Como podem dois opostos partilhar uma forma em comum? 3 – A Arquitetura do Universo Para resolver essas dificuldades devemos considerar uma declaração feita pelo Midrash:6 “Assim como um rei que deseja construir um palácio não o faz espontaneamente, mas consulta os desenhos dos arquitetos, também D'us olhou na Torá e criou o mundo.” Em outras palavras, examinando a ordem pela qual um homem começa a fazer algo que exige planejamento e previsão, podemos aprender algo sobre a ordem de D'us em trazer o mundo à existência. Primeiro, Ele fixa em Sua mente o propósito que Ele deseja que Sua obra atinja. Somente então começa o trabalho. Este, por assim dizer, foi o procedimento de D'us. E o propósito do mundo que Ele estava para criar (um local onde a luz Divina seria oculta7 nas pesadas mortalhas da existência material) era que deveria ser purificado e a luz pura de D'us restaurada. Ele procurou, em última análise, “uma morada nos mundos inferiores”8 significando que Sua ocultação (escuridão) seria transformada numa presença revelada (luz). Como então a luz era o propósito da criação, e o propósito é a primeira coisa a ser decidida na ordem de uma obra, a luz foi criada no primeiro dia. A intenção de todas as criações subsequentes foi captada naquela frase inicial: “Que haja luz”. 4 – A Luz Implícita Há, no entanto, uma alusão à luz em cada um dos dias subsequentes da criação. Pois cada dia de trabalho terminava com o pronunciamento “E D'us viu que era bom”. E a palavra “bom” alude à luz, como está escrito: “E D'us viu a luz9, que era boa.” Ocorre que a luz estava presente em cada dia da criação, mas como é possível, se a luz é o propósito da criação, e como tal explícita somente no final? A resposta é que o propósito se manifesta de suas maneiras: (i) explicitamente no início de uma obra; e (ii) implicitamente em cada estágio da obra, dirigindo cada esforço num padrão pré-arranjado, para que se conforme com o projeto original. Segue então que houve dois aspectos na luz primitiva: primeiramente quando foi revelada, como propósito da criação, no primeiro dia, antes de qualquer outra coisa existente; e em segundo, como era sentida indiretamente (e portanto somente sugerida) nos outros dias, modelando o restante da criação rumo à sua função. 5 – Revelação e Cumprimento Agora podemos entender por que o Zohar enfatiza a conexão entre “luz” e “segredo”, e por que o Rebe disse que estava oculta para os justos no Mundo Vindouro. Enquanto um prédio está em construção, sua forma final não está aparente, exceto na mente do arquiteto. Sua forma final é revelada somente quando a obra é completada. Assim foi com o mundo: somente quando tinha sido levado à sua perfeição, pelo nosso serviço durante os 6.000 anos10 que precedem o Mashiach, seu propósito (a luz) será revelado. A luz agora está oculta, mas no Mundo Vindouro (quando nosso serviço mundano terá sido completado) ela brilhará novamente como fez no primeiro dia. Mas tudo que está escondido, está escondido em algum lugar. Onde a luz está escondida? Os Rabinos dizem:11 na Torá. Pois assim como os desenhos de um arquiteto orientam as mãos do empreiteiro, a Torá nos guia – através do estudo e do cumprimento dos mandamentos – a modelar o mundo para a sua realização. 6 – Do Mundo ao Homem Cada pessoa é um microcosmo do mundo, e o destino do mundo é seu. Pois então essa ordem de história espiritual é também uma ordem de serviço individual. “Luz” é o propósito de cada judeu: transformar sua situação e ambiente em luz. Não meramente afastando a escuridão (o mal) evitando o pecado, mas transformando a escuridão em luz, comprometendo-se positivamente com o bem. E sua ordem deve ser aquela de D'us no ato da criação: primeiro deve formular Seu propósito. Imediatamente, quando acorda do sono (quando ele é uma “nova criação”12) – na verdade a todo momento, pois o mundo é continuamente criado de novo,13 ele deve reconhecer que sua tarefa é “Que haja luz.” Então ele deve deixar seu propósito estar implícito em cada uma de suas ações – alinhando-as com a Torá, o projeto da criação. 7 – Trevas em Luz Se a luz é o propósito de toda coisa criada, então deve ser também o propósito da própria escuridão. Pois a escuridão tem um propósito, não meramente deveria existir para ser evitada (deveria apresentart ao homem um escolha entre bem e mal), mas deveria ser transformada em luz. E se um homem às vezes se desesperar, na opressiva escuridão de um mundo desregrado,14 de fazer a luz prevalecer, ainda mais de transformar o mal em bem, ele é comandado desde o início: “No (ou em prol do) início, D'us criou…” E os Rabinos traduzem isto como: “Pelo bem de Israel, que são chamados “o princípio da produção de (D'us), e em prol da Torá, que é chamada “o princípio” do caminho (de D'us)”15 O mundo foi feito assim para que Israel através da Torá o transformasse na eterna luz da presença revelada de D'us, no cumprimento messiânico das palavras de Yeshayahu16: “O sol não será mais sua luz durante o dia, nem pelo brilho a lua lhe dará luz: Porém o Eterno será para ti uma luz eterna.” ImprimirEnvie esta página a um amigoCompartilhe isto ComentárioComentário NOTAS 1. Bereshit 1:3 2. Sanhedrin 31 a 3. Chagigah, 12 a. Bereshit Rabbah, 3:6 4. Parte III, 28 b 5. A derivação das associações de significado utilizando valores numéricos das letras hebraicas é conhecido como Guematria. Cf. o Tanya, parte II, cap. 1 6. Bereshit Rabbah, início. 7. “Mundo” e “oculto” são semanticamente relacionados em hebraico (olam-he’elam). 8. Cf. Tanya, parte I, cap. 36 9. Bereshit 1:4, cf Sotah, 12 a. 10. Correspondendo aos Seis Dias da Criação. 11. Midrash Ruth, em Zohar Chadash, 85 a. 12. Yalkut Shimoni sobre Salmos 13. Tanya, parte II, início 14. “Desperdício e vácuo, e escuridão estavam sobre a face da profundeza murmurante.” Bereshit 1:2. 15. Cf. Rashi, Bereshit 1:1. 16. Yeshayahu 60:19. Por Jonathan Sacks Lord Rabino Jonathan Sacks é Rabino Chefe da Grã-Bretanha e da Comunidade Britânica, além de famoso escritor e palestrante sobre Chassidismo. É fundador e diretor do Meaningful Life Center (Centro para uma Vida Significativa). O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. Se você gostou deste artigo, autorizamos sua divulgação, desde que você concorde com nossa política de copyright.

D'us Criou o Mundo?

A crença num Criador Sobrenatural tanto é fundamental ao judaísmo como é uma questão de pura lógica. Não há nada em toda a existência que não tenha uma fonte. Crer que este mundo lindo e complexo passou a existir por acaso é totalmente ilógico. Há uma famosa história que ilustra perfeitamente este ponto. Um ateu procura o rabino e pede a ele que prove a existência de D'us. O rabino pede-lhe que volte no dia seguinte para ter a resposta a esta questão. O descrente sente-se empolgado por ter aparentemente "desafiado" o rabino. Quando retorna no dia seguinte, exige com entusiasmo a resposta do erudito. O rabino replica que daria a resposta a qualquer momento, mas antes de fazê-lo, queria que seu interrogador lesse um belo poema que tinha em sua mesa. O ateu leu a obra e foi inspirado pelas adoráveis imagens descritas no poema, e perguntou ao rabino quem era o autor. O rabino explicou que não havia autor. O que ocorrera é que, enquanto estava imerso em pensamentos, refletindo sobre a questão profunda que lhe tinham feito, o rabino derrubara acidentalmente o tinteiro de sua mesa sobre uma folha de papel em branco, e este poema fora produzido pela tinta derramada. O descrente zombou da ridícula noção de que algo tão maravilhoso quanto aquele poema pudesse ser o resultado de um acidente. Naquela altura, o rabino explicou que se algo tão simples como um poema não poderia ter sido criado por acidente, então certamente algo tão maravilhosamente complexo como nosso mundo não poderia vir a existir sem um Autor. Obviamente, o céptico deixou de ser céptico, ao perceber o argumento do rabino. A questão mais profunda é: "Nós existimos realmente?" ImprimirEnvie esta página a um amigoCompartilhe isto ComentárioComentário O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. Se você gostou deste artigo, autorizamos sua divulgação, desde que você concorde com nossa política de copyright.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Responsabilidades Sem Medo

Rosh Hashaná é um paradoxo. De certo modo é celebrada como um dia de festa: comidas especiais são servidas em meio a grandes reuniões familiares e estendemos cumprimentos alegres desejando a todos ao nosso redor um ano bom e doce. Os pecados não são nem mencionados durante as rezas de Rosh Hashaná para não diminuir o nosso foco positivo e ofuscar nossa alegria neste dia. Entretanto, o Halel, uma prece de alegria e agradecimento usualmente recitada nas festividades judaicas, é omitido em Rosh Hashaná. Como explica o Talmud: ‘Os livros da vida e da morte estão aberto perante D'us e o povo judeu quer cantar louvores? Como estas emoções aparentemente contraditórias coexistem nesta festividade? Examinemos uma questão mais geral: quais são as alegrias em qualquer ocasião? Qual a razão pela alegria nos evento do ciclo de vida judaico? Um bebê nasce e oito dias depois é circuncidado. O bebê grita por alguns momentos enquanto os participantes desejam para os pais, alegremente, ‘Mazal Tov’! Então se sentam e desfrutam de uma bela refeição. Por que as pessoas celebram enquanto o bebê sofre? Agora considere a criança celebrando seu Bar Mitsvá treze anos depois. O jovem é chamado para ler na Torá e seu pai recita uma estranha bênção: “Abençoado é aquele (D’us) que me liberou das obrigações deste jovem”. Os pais parecem estar ‘lavando suas mãos’ das responsabilidades de seu jovem adolescente. A pobre criança parece estar por sua própria conta, mas todos alegremente lhe desejam Mazal Tov. Parece tão frio. Como as pessoas se alegram numa situação aparentemente assustadora? Anos depois, um jovem casal está sob a chupá, prontos para casar. Eles se comprometem um com o outro para toda a vida, sacrificando as liberdades da vida de solteiro. Deve ser tão amedrontador, mas todos celebram! Qual o significado por trás da alegria? O denominador comum dessas ocasiões é a aceitação da responsabilidade. Em cada um destes eventos, os indivíduos estão parados na frente de uma porta que se abre para uma identidade pessoal mais rica e complexa.
A circuncisão marca o primeiro passo do menino judeu para receber o fardo da responsabilidade inerente à santidade de ser um judeu. No Bar Mitsvá, o garoto aceita a responsabilidade de cumprir os mandamentos da Torá. Ele chegou num novo estágio de sua vida, que oferece mais oportunidades, satisfações mais profundas, maiores obrigações e, potenciais armadilhas. Na chupá, o noivo e a noiva aceitam a responsabilidade de seu novo status, pela nova entidade que se tornaram e pela nova família que almejam criar. Os Judeus celebram a aceitação da responsabilidade. O ser humano não foi criado meramente para viver. Ele foi criado para um propósito mais elevado. Somente quando ele sente que está trabalhando em direção a uma meta maior é que atinge sua satisfação interior. A verdadeira alegria vem de aceitar as responsabilidades que cada pessoa recebeu de D’us. Este é o significado do paradoxo de Rosh Hashaná. É o dia que D’us reconta cada boa ação, cada falha, o dia que somos julgados por todas as nossas atitudes. Somos lembrados que cada um de nós é responsável por suas ações. Podemos estar temerosos das possíveis consequências do julgamento, se o levarmos a sério. Entretanto, o outro lado da mesma moeda: a aceitação de responsabilidade traz grande alegria. Constatamos que existe significado em nossas vidas e este reconhecimento é uma tremenda fonte de prazer. A alegria de Rosh Hashaná reside no reconhecimento do potencial humano e o constante esforço em atingir metas mais elevadas. O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. Se você gostou deste artigo, autorizamos sua divulgação, desde que você concorde com nossa política de copyright.