SHEMA ISRAEL

Sinagoga Morumbi

Yeshiva Boys Choir -- Kol Hamispalel

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O Estalajadeiro de Vohlyn Extraído de "Os Mestres Chassídicos" Tradução e adaptação de Yanki Tauber

Rabi Shneur Zalman de Liadi certa vez disse a um de seus netos: “Deixe-me contar-lhe sobre a fé simples dos judeus de Vohlyn (Ucrânia). “Há muitos anos, eu estava viajando de Mezeritch para casa após um período de estudo sob a orientação de meu mestre, o grande Maguid 1. Era uma noite fria de inverno, e meus pés tinham ficado imobilizados pelo frio. Quando paramos numa estalagem à beira da estrada, o cocheiro teve que me carregar nos braços. “O estalajadeiro, um judeu idoso, temente a D'us, esfregou meus pés com neve e álcool até que a vida retornasse a eles. Perguntou-me qual era o propósito da minha viagem, e eu lhe disse que era discípulo do Maguid de Mezeritch. Em resposta às minhas perguntas, ele me disse que cuidava desta estalagem há quase cinquenta anos, e que, graças a D'us, tinha conseguido ganhar um bom sustento, uma vida confortável. “Há uma comunidade judaica aqui?” perguntei. “Não”, disse o estalajadeiro. “Somos os únicos judeus numa área de muitos quilômetros.” “Então vocês não têm um minyan 2? Como fazem no Shabat e nas Festas?” “Para minhas tristeza,” suspirou o homem, “rezamos sem um quorum durante o ano todo. Para as Grandes Festas, fechamos a estalagem durante duas semanas e viajamos até a cidade – uma viagem de vários dias.” “Mas como podem viver dessa maneira!” exclamei. “Como pode um judeu passar meses sem um Kadish ou Barchu, sem ouvir a leitura pública da Torá?” “O que posso fazer? Este é o meu meio de sustento. Não há nada para eu fazer na cidade. “Quantas famílias judaicas há na cidade?” perguntei. “Cerca de cem,” disse ele. “Se D'us provê um sustento para cem famílias,” disse eu, “você não acha que Ele poderia achar uma maneira de prover por mais uma?” Com essa observação, a conversa foi encerrada. Recebi um quarto para descansar, e o estalajadeiro voltou a cuidar do seu trabalho. “Uma hora depois, ouvi um barulho lá fora. Olhando pela janela, vi diversas carroças e carretas empilhadas com engradados e caixas, móveis e artigos domésticos. O estalajadeiro e seus filhos corriam para carregar as caixas e acomodar as mulheres e crianças nas carroças. “O que está acontecendo?” perguntei ao homem. “Estamos nos mudando para a cidade.” Respondeu ele. “Você está certo – este não é lugar para um judeu. Um judeu precisa de um minyan, um rabino, uma comunidade…” “Mas assim, com essa pressa, você está indo? Onde vai ficar? E o que vai fazer para trabalhar?” “Encontraremos alguma coisa. Como você disse, se D'us pode cuidar de cem famílias na cidade, Ele certamente pode acomodar mais algumas poucas almas…” “Assim era a fé e a confiança em D'us daqueles judeus!” Rabi Shneur Zalman concluiu sua história. “Eu era jovem naquela época, mas como tinha contado a ele que eu era discípulo do grande Maguid, ele inquestionavelmente agiu segundo meu conselho. Sem pensar duas vezes, ele deixou para trás uma empresa que o tinha sustentado com conforto durante cinquenta anos e partiu, naquela mesma noite, para um local onde pudesse servir melhor ao seu Criador." NOTAS 1. Rabi DovBer de Mezeritch (? – 1772), segundo líder do Movimento Chassídico. 2. Um quorum de dez judeus adultos exigido para a prece comunitária.

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