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Sinagoga Morumbi

Yeshiva Boys Choir -- Kol Hamispalel

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Por Que o Divórcio É Necessário

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Por Lazer Gurkow

Dois Mundos



Quase todos os filhos sonham com o casamento, porém quase metade dos casamentos de hoje terminam em divórcio. Por que o divórcio é tão freqüente? E por outro lado, sendo o divórcio tão freqüente, por que ainda nos casamos?

Os místicos ensinaram que o divórcio é produto do caos. Quando D'us criou o mundo pela primeira vez, era uma espaço espiritual mas caótico. Segundo a Cabalá, este caos resultava das energias divinas agressivas e assertivas que preenchiam este mundo primordial. Cada energia concentrada exclusivamente em sua tarefa, incapaz de acomodar as outras. Elas operavam com independência e desrespeito, o que resultou no caos.

D'us então criou uma nova ordem, de retidão, que é o nosso mundo. Neste mundo, as poderosas energias são moderadas para acomodar e forjar conexões umas com as outras. O resultado é um ambiente mais inclusivo e holístico, no qual cada um é ampliado pela conexão com outros.

Portanto não surpreende que o ser humano, produto dos dois mundos, seja um amálgama tanto da asserção quanto da acomodação. Somos ferozmente independentes, mas ansiamos por ser tocados por outros. O casamento é um produto de nosso lado acomodado, ao passo que o divórcio é um produto da nossa afirmação.1

O Conflito Interior

Vamos explorar isso mais a fundo. Os desejos duplos de independência e conexão são essenciais à alma humana. Sob severidade e subjugação, nosso espírito é suprimido, Ansiamos por liberdade, quase tanto quanto ansiamos pela vida, como no famoso grito de Patrick Henry, “Dê-me liberdade ou dê-me a morte”. Resistimos à coerção e à opressão com cada fibra do nosso ser. Ansiamos por nos expressar livremente, para ter espaço, liberdade e meios para fazer como escolhemos e para ser aquilo que somos.

E então há a necessidade contrária de amar e ser amado, querer e ser querido, tocar e ser tocado. O isolamento enfraquece a alma, sendo o oposto de um ser humano feliz e saudável. Portanto há um conflito. Em nossa busca pela liberdade procuramos nos libertar, mas em nossa busca por amor procuramos nos conectar.

Quando crianças somos criados por pais que nos amam e nos provêm. O carinho e o conforto que recebemos deles é vital para o nosso senso de bem-estar e estima, mas então chega um tempo em que precisamos nos libertar e seguir o próprio caminho. Durante algum tempo nos refestelamos em nossa recém-conquistada independência, declarando nosso direito à liberdade pessoal. Mas então surge uma necessidade mais profunda, e nossa alma começa a ansiar por amor. Procuramos forjar conexões, fazer parte de uma sociedade, uma comunidade, uma família e uma rede social. E mais importante, procuramos um parceiro para compartilhar nosa vida.

Quando finalmente encontramos a pessoa certa e nos casamos, florescemos em nosso vínculo, mergulhamos nas profundezas do ser que estavam intocadas quando éramos solteiros, e ascendemos até as estonteantes alturas do deleite romântico. Então, aos poucos surge a percepção de que receber amor exige a entrega de uma parte importante da independência. Não podemos mais escolher como quisermos e como temos vontade. Devemos agora levar o outro em consideração, e fazer somente o que for bom para os dois. Muitos se irritam com o fardo… e surge a tensão.

Se deixarmos nossa independência de lado em favor do amor, ficamos ressentidos com aquele que amamos. Se guardamos com ciúme a nossa independência, nos arriscamos a alienar aquele que amamos. Deve haver um meio-termo feliz que nos permita reter nossa independência e nosso amor.

O Ponto Principal

Vamos voltar aos cabalistas e à ordem de retidão. A capacidade daquelas energias divinas de acomodarem umas às outras reflete sua verdadeira natureza. Seu ponto de origem é divino, e em sua forma principal são genéricas a D'us. Suas características particulares são presumidas depois. Assim, sua capacidade de acomodar transcende suas diferenças e engaja sua essência, onde na verdade são apenas uma.

O mesmo se aplica a nós. Nossa necessidade de independência é um produto de nossos interesses, inclinações e desejos particulares. No entanto, sejam inatos ou adquiridos, estes não refletem nosso ponto principal. Nosso ponto de origem, nosso ser transcendental, é a nossa humanidade. E a humanidade é genérica – podemos partilhá-la igualmente. Quando acomodamos uns aos outros, transcendemos a concha exterior das nossas diferenças específicas e nos engajamos em nossa humanidade interior. Assim, em vez de nos confinar, a acomodação pode ser uma experiência transcendental e libertadora, uma oportunidade para engajar nosso estado de ser mais verdadeiro.

No entanto, isso somente é verdadeiro quando queremos acomodar. Quando a acomodação é forçada sobre nós, não transcendemos nossas diferenças e engajamos nosso humanidade em comum. Permanecemos confinados nanossa concha exterior de diferenças, e somos forçados pelos outros a dar apesar disso. Em vez de nos abrirmos ao nosso verdadeiro estado de ser, essa doação restringe nossa liberdade, suga nossa vitalidade e nos afasta do nosso próprio ser.2,3

Casamento Baseado em Divórcio

Assim que a Torá menciona a palavra casamento, apresenta as leis do divórcio.4 É uma justaposição dissonante, mas encerra uma potente lição. Isso nos lembra que o casamento e seus compromissos não são impingidos sobre nós. É uma opção que fazemos livremente a cada dia. A opção de terminar um casamento sempre está disponível, e se continuamos no casamento, é por nossa própria escolha.

Essa percepção é a ponte que nos permite conservar nossa independência e nossa necessidade de nos conectar; é o ingrediente que pode salvar um casamento. Se, ao assumir concessões no casamento, nos sentimos obrigados e explorados, o casamento pode tirar nossa sensação de bem-estar e liberdade.

Se, no entanto, nos lembramos que o casamento é uma escolha e que nele escolhemos livremente dar de nós mesmos, ele na verdade reforça nossa sensação de ser e de independência, porque a opção de dar pode ser feita somente quando somos suficientemente independentes para fazer escolhas.

A independência nos permite ser nós mesmos. O amor nos permite dar de nós mesmos. Não temos de nos livrar de um para manter o outro; podemos fazer ambos funcionarem. E quando fazemos isso, aprendemos a transcender a nós mesmos.5
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NOTAS
1. Rabi Levi Yitschak Schneersohn, Torat Levi Yitschak, pág. 140. Talvez esta seja também a resposta mística de por que o Talmud coloca as leis do divórcio antes das leis de noivado. Embora na vida real o noivado preceda o divórcio, seu corolário espiritual, a ordem de acomodação, foi precedida pela ordem do caos.
2. Considere a diferença entre o filantropo que escolhe apoiar um programa social e um empresário que é taxado para apoiá-lo. Ambos dão a mesma quantia, mas o filantropo sente prazer em doar; isso engaja sua alma no nível mais profundo, fazendo-o sentir-se valioso e vital. Para o empresário, é um imposto do qual nenhum prazer é extraído. Dar pela própria vontade acalma a alma e engaja os aspectos mais profundos da nossa humanidade. Não podemos deixar de nos sentir enobrecidos e melhores com nós mesmos após este presente. Mas quando a oportunidade de dar nos é tirada e somos forçados a entregar o dinheiro, nosso espírito é esmagado e nossas almas ficam abaladas.
3. Um amigo meu tem um casamento maravilhoso. Ele e sua mulher – vamos chamá-los Jacob e Rachel – se amam e se respeitam. Mas existem, como em todos os casamentos, áreas de conflito. Uma dessas áreas recentemente foi resolvida da seguinte maneira. Durante anos, Rachel se sentia tensa toda vez que pedia para Jacob participar nos assuntos da família dela. Jacob não permitia que ela aceitasse esses convites em nome dele sem primeiro consultá-lo. Ela presumia que isso era porque ele não gostava de passar tempo com a família dela, e isso a aborrecia. Ela amava sua família e queria passar bastante tempo com eles, mas também não gostava de arrastar o marido para situações desconfortáveis. Um dia ela falou a ele sobre sua ansiedade, e explicou que se sentia dividida entre a família e ele. Jacob ficou surpreso ao saber disso. Assegurou a ela que respeitava e amava sua família, e que gostava de passar tempo com eles. “Por que você é tão categórico em querer que eu sempre o consulte antes de aceitar convites em seu nome?” perguntou ela. “Porque sei o quanto você quer que eu conviva com sua família, e quero dar a você este presente precioso em vez de tê-lo tirado,” explicou ele. Essa explicação sutil mas importante fez toda a diferença. Ela tinha entendido mal a reticência dele, e a interpretava como uma relutância em visitar sua família. Agora que ela entendia o quanto ele apreciava sua família, e além disso, que ele queria transformar esse tempo com eles num presente para ela, essa área do casamento melhorou muito.
4. Devarim 24:1.
5. Como ilustração, Rabino Eliyahu Kitov, em seu livro Ish Ubeiso, explica que podemos nos trancar em casa durante dias sem nos sentir prisioneiros. No momento em que alguém tranca a porta e nos encarcera, nos sentimos confinados. Isso é verdade mesmo se as condições da casa permanecem totalmente inalteradas. O mesmo se aplica ao casamento. A mesma concessão que pode nos deixar confortáveis com nosso casamento quando é feita livremente pode nos fazer sentir confinados quando somos obrigados.

Por Lazer Gurkow
Rabino Lazer Gurkow é líder espiritual da congregação Beth Tefilah em London, Ontário. Tem feito muitas palestras sobre uma variedade de tópicos judaicos, e seus artigos são publicados na imprensa e online. Para saber mais sobre Rabino Gurkow e suas obras, visite InnerStream.ca.

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Comentários dos leitores
Comentários mais recentes:
Enviado: Feb 2, 2012
Po que o divórcio...?.
Meus cumprimentos.Excelente análise.
Enviado por Mirian Leah Avraham, S. Paulo, SP/Brasil

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