SHEMA ISRAEL

Sinagoga Morumbi

Yeshiva Boys Choir -- Kol Hamispalel

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Você É Hipócrita? Sobre a Essência da Educação

Por Yosef Y. Jacobson

Um Suborno para Seu Professor

Um professor estava dando um grande teste aos alunos. Ele entregou todas as folhas e voltou à mesa para esperar. Quando a prova terminou, todos os alunos entregaram as folhas de volta. O professor notou que um dos estudantes tinha colocado uma nota de $100 no teste, com um bilhete dizendo: “Um dólar por ponto.”

Na aula seguinte o professor entregou as provas de volta. Aquele aluno recebeu o teste e $56 de troco.

Um Coração

O Talmud relata o seguinte episódio:

Quando nosso pai Yaacov estava em seu leito de morte, cercado pelos filhos, sentiu de repente que a Divina Presença, a Shechiná, se afastava dele. Foi dominado pelo temor de que um dos filhos presentes no quarto estivesse levando uma vida imoral, e que por isso a Shechiná o tivesse deixado. O velho pai confrontou os filhos perguntando se talvez um deles estivesse se corrompendo, traindo os valores que ele, Yaacov, tinha tentado inculcar neles.

Os filhos responderam com a mais famosa declaração judaica:

“Shema Yisrael Hashem Elokenu Hashem Echad. Ouve, ó Israel, - o nome de Yaacov era Israel – o Eterno é Nosso D'us, o Eterno é Um. Kishem Sh’ein B’libcha Ela Echad, Kach Ein B’libeinu Ela Echad. Assim como em Teu coração há somente Um, assim também, em NOSSO coração há somente Um.”

Naquele momento Yaacov respondeu e disse: “Baruch Shem Kevod Malchuto Le’olam Va’ed. Bendito seja o honrável nome de Seu reino para todo o sempre.” (Talmud Pessachim 56 a).

A reação deles desperta uma pergunta. Ouçamos cuidadosamente as palavras deles: “Assim como em TEU coração há somente Um, assim também, em NOSSO coração há somente Um.” A primeira metade da declaração deles parece supérflua. Sabemos que no coração de Yaacov havia somente um D'us. Isso não estava aberto a discussão; ninguém estava suspeitando do coração e da fé de Yaacov. A questão era o que estava se passando no coração DELES. Tudo que precisavam dizer era: “Ouve, pai, em NOSSO coração há somente UM!”?

Um Espelho

A resposta é que nessa mesma expressão eles encerraram um dos grandes temas da educação. A primeira metade da sentença não era supérflua. Os filhos de Yaacov estavam explicando por que o pai não precisava temer sobre o destino moral de seus filhos. “Yaacov nosso pai, se há Um em seu coração,” disseram os filhos ao pai, “pode ter certeza de que em nosso coração, também, há somente Um.” Os filhos são o espelho do coração dos pais, não de suas palavras. Como em teu coração havia um, nosso coração também está saturado com o Único D'us vivo.

Com frequência, os pais pensam que podem transmitir valores aos filhos sem interiorizar esses valores nas suas próprias vidas diárias. Ensinam aos filhos sobre integridade, fé, amor e disciplina, mas não necessariamente incorporam esses valores neles próprios. Pregam sobre um D'us, mas aquele único D'us não os desafia em sua vida pessoal. Falam contra ira, animosidade, inveja e egoísmo, mas eles próprios são presa desses traços.

Os filhos não reagem tanto àquilo que os pais dizem quanto àquilo que eles são. Valores são como resfriados: são apanhados, não ensinados

Isso geralmente não resolve. Os filhos não reagem tanto àquilo que os pais dizem quanto àquilo que eles são. Valores são como resfriados: são apanhados, não ensinados. Se em seu coração há Um – em seu coração haverá também Um. Quando seu filho vivencia consciente e inconscientemente sua pureza e integridade, é provável que os valores que moldaram os pais continuem na vida de seus filhos. Pode demorar alguns anos ou às vezes décadas, mas as sementes plantadas pelo seu coração no coração de seus filhos produzirão os resultados.

Os cientistas políticos há muito descobriram que quatro em cada cinco pessoas com preferência por um partido crescem para votar como seus pais votaram. Na verdade, embora muitas pessoas passem por uma rejeição temporária da política dos pais quando jovens adultos, praticamente nada é mais previsível da sua ideologia política do que aquela de seus pais – é um fator determinante maior que renda, educação ou qualquer outro campo social.

Hipocrisia

Quando foi indagado sobre o maior desafio que enfrenta atualmente, o diretor de uma das maiores escolas judaicas nos Estados Unidos relatou este pensamento: Os pais gastam milhares de dólares em matrículas e mensalidades para enviar os filhos à nossa escola onde, juntamente com matemática e química, esperam que ensinemos alguma ética básica. Então, num domingo, os pais levam os filhos a um parque de diversões e mentem sobre a idade deles para economizar cinco dólares no ingresso. Para economizar cinco pratas eles destroem uma educação que custa $15.000.

A maioria dos pais e professores percebe que valores e perspectivas devem ser plantadas pelo exemplo pessoal. Porém, na prática, às vezes tentamos incutir em nossos filhos e alunos rotinas comportamentais que nós pessoalmente ainda não dominamos. Insistimos para que nossos filhos comam corretamente, embora sobrevivamos com café e biscoitos. Insistimos para que não se sentem na frente da TV durante horas, enquanto estamos longe de corresponder a essas expectativas. Em resumo, é mais fácil trabalhar em nossos filhos que em nós mesmos, e portanto é isso que fazemos às vezes.

Essa hipocrisia tem resultados desastrosos: muitos filhos veem seus pais e professores como insinceros. O desrespeito se instala lentamente, até que, por volta dos 12 a 15 anos, destrói a confiança e o relacionamento pai-filho ou professor-aluno. Então as crianças rejeitam a autoridade moral dos adultos em sua vida. Isolam-se emocionalmente dos pais e professores, e começam a tomar suas próprias (muitas vezes autodestrutivas) decisões.

É mais fácil trabalhar em nossos filhos que em nós mesmos, e é isso que fazemos às vezes.

Num famoso estudo sobre a transmissão de valores de pais para filhos a seguinte pergunta foi feita a muitas crianças: O que seus pais querem que vocês sejam quando crescerem – ricos, famosos, inteligentes ou bons? A maioria das crianças – vindas de variados setores demográficos e culturais – respondeu ricos, inteligentes ou famosos como mais importantes. E a característica que menos pontuou foi “bom”. Ironicamente, os pais que responderam as mesmas perguntas responderam que queriam “bom” como a qualidade preferida para seu filho.

Por que houve essa discrepância entre o desejo dos pais e a percepção dos filhos?

A resposta pode ser que pregar aos filhos exige a prática paralela pelos pais. A verdadeira bondade não é ensinada nos livros, é transmitida pelo exemplo vivo. Os pais podem dizer aos filhos que desejam que eles sejam boas pessoas acima de tudo, mas o que os filhos estão vivenciando com seus pais? Eles estão – os pais – colocando a bondade acima de todos os outros confortos?

Se você deseja tocar o coração de seu filho, assegure que o seu próprio coração foi tocado. E trabalhe não apenas em sua identidade consciente, mas também na inconsciente. Os filhos com frequência reagem ao inconsciente dos pais ainda mais que ao ser consciente dos pais.

Esta foi a mensagem dos filhos de Yaacov ao pai: O motivo de haver em seu coração somente Um, é porque nossos corações refletem e espelham o Seu coração, e em seu coração há somente Um. Isso é verdadeiro no que se refere a todo pai e todo professor.
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Por Yosef Y. Jacobson
Rabino Yosef Y. Jacobson é editor de Algemeiner.com, um site de notícias e comentários judaicos em inglês e yidish. Rabino Jacobson também faz palestras sobre ensinamentos chassídicos, sendo muito popular e bastante procurado. É autor da série de fitas “Um Conto Sobre Duas Almas”.

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