SHEMA ISRAEL

Sinagoga Morumbi

Yeshiva Boys Choir -- Kol Hamispalel

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Por Que o Divórcio É Necessário

ImprimirEnvie esta página a um amigo
Compartilhe isto:
del.icio.us Digg this StumbleUpon Facebook
MySpace Google Twitter Yahoo! MyWeb
Compartilhe isto
Comentário1 Comentário

Por Lazer Gurkow

Dois Mundos



Quase todos os filhos sonham com o casamento, porém quase metade dos casamentos de hoje terminam em divórcio. Por que o divórcio é tão freqüente? E por outro lado, sendo o divórcio tão freqüente, por que ainda nos casamos?

Os místicos ensinaram que o divórcio é produto do caos. Quando D'us criou o mundo pela primeira vez, era uma espaço espiritual mas caótico. Segundo a Cabalá, este caos resultava das energias divinas agressivas e assertivas que preenchiam este mundo primordial. Cada energia concentrada exclusivamente em sua tarefa, incapaz de acomodar as outras. Elas operavam com independência e desrespeito, o que resultou no caos.

D'us então criou uma nova ordem, de retidão, que é o nosso mundo. Neste mundo, as poderosas energias são moderadas para acomodar e forjar conexões umas com as outras. O resultado é um ambiente mais inclusivo e holístico, no qual cada um é ampliado pela conexão com outros.

Portanto não surpreende que o ser humano, produto dos dois mundos, seja um amálgama tanto da asserção quanto da acomodação. Somos ferozmente independentes, mas ansiamos por ser tocados por outros. O casamento é um produto de nosso lado acomodado, ao passo que o divórcio é um produto da nossa afirmação.1

O Conflito Interior

Vamos explorar isso mais a fundo. Os desejos duplos de independência e conexão são essenciais à alma humana. Sob severidade e subjugação, nosso espírito é suprimido, Ansiamos por liberdade, quase tanto quanto ansiamos pela vida, como no famoso grito de Patrick Henry, “Dê-me liberdade ou dê-me a morte”. Resistimos à coerção e à opressão com cada fibra do nosso ser. Ansiamos por nos expressar livremente, para ter espaço, liberdade e meios para fazer como escolhemos e para ser aquilo que somos.

E então há a necessidade contrária de amar e ser amado, querer e ser querido, tocar e ser tocado. O isolamento enfraquece a alma, sendo o oposto de um ser humano feliz e saudável. Portanto há um conflito. Em nossa busca pela liberdade procuramos nos libertar, mas em nossa busca por amor procuramos nos conectar.

Quando crianças somos criados por pais que nos amam e nos provêm. O carinho e o conforto que recebemos deles é vital para o nosso senso de bem-estar e estima, mas então chega um tempo em que precisamos nos libertar e seguir o próprio caminho. Durante algum tempo nos refestelamos em nossa recém-conquistada independência, declarando nosso direito à liberdade pessoal. Mas então surge uma necessidade mais profunda, e nossa alma começa a ansiar por amor. Procuramos forjar conexões, fazer parte de uma sociedade, uma comunidade, uma família e uma rede social. E mais importante, procuramos um parceiro para compartilhar nosa vida.

Quando finalmente encontramos a pessoa certa e nos casamos, florescemos em nosso vínculo, mergulhamos nas profundezas do ser que estavam intocadas quando éramos solteiros, e ascendemos até as estonteantes alturas do deleite romântico. Então, aos poucos surge a percepção de que receber amor exige a entrega de uma parte importante da independência. Não podemos mais escolher como quisermos e como temos vontade. Devemos agora levar o outro em consideração, e fazer somente o que for bom para os dois. Muitos se irritam com o fardo… e surge a tensão.

Se deixarmos nossa independência de lado em favor do amor, ficamos ressentidos com aquele que amamos. Se guardamos com ciúme a nossa independência, nos arriscamos a alienar aquele que amamos. Deve haver um meio-termo feliz que nos permita reter nossa independência e nosso amor.

O Ponto Principal

Vamos voltar aos cabalistas e à ordem de retidão. A capacidade daquelas energias divinas de acomodarem umas às outras reflete sua verdadeira natureza. Seu ponto de origem é divino, e em sua forma principal são genéricas a D'us. Suas características particulares são presumidas depois. Assim, sua capacidade de acomodar transcende suas diferenças e engaja sua essência, onde na verdade são apenas uma.

O mesmo se aplica a nós. Nossa necessidade de independência é um produto de nossos interesses, inclinações e desejos particulares. No entanto, sejam inatos ou adquiridos, estes não refletem nosso ponto principal. Nosso ponto de origem, nosso ser transcendental, é a nossa humanidade. E a humanidade é genérica – podemos partilhá-la igualmente. Quando acomodamos uns aos outros, transcendemos a concha exterior das nossas diferenças específicas e nos engajamos em nossa humanidade interior. Assim, em vez de nos confinar, a acomodação pode ser uma experiência transcendental e libertadora, uma oportunidade para engajar nosso estado de ser mais verdadeiro.

No entanto, isso somente é verdadeiro quando queremos acomodar. Quando a acomodação é forçada sobre nós, não transcendemos nossas diferenças e engajamos nosso humanidade em comum. Permanecemos confinados nanossa concha exterior de diferenças, e somos forçados pelos outros a dar apesar disso. Em vez de nos abrirmos ao nosso verdadeiro estado de ser, essa doação restringe nossa liberdade, suga nossa vitalidade e nos afasta do nosso próprio ser.2,3

Casamento Baseado em Divórcio

Assim que a Torá menciona a palavra casamento, apresenta as leis do divórcio.4 É uma justaposição dissonante, mas encerra uma potente lição. Isso nos lembra que o casamento e seus compromissos não são impingidos sobre nós. É uma opção que fazemos livremente a cada dia. A opção de terminar um casamento sempre está disponível, e se continuamos no casamento, é por nossa própria escolha.

Essa percepção é a ponte que nos permite conservar nossa independência e nossa necessidade de nos conectar; é o ingrediente que pode salvar um casamento. Se, ao assumir concessões no casamento, nos sentimos obrigados e explorados, o casamento pode tirar nossa sensação de bem-estar e liberdade.

Se, no entanto, nos lembramos que o casamento é uma escolha e que nele escolhemos livremente dar de nós mesmos, ele na verdade reforça nossa sensação de ser e de independência, porque a opção de dar pode ser feita somente quando somos suficientemente independentes para fazer escolhas.

A independência nos permite ser nós mesmos. O amor nos permite dar de nós mesmos. Não temos de nos livrar de um para manter o outro; podemos fazer ambos funcionarem. E quando fazemos isso, aprendemos a transcender a nós mesmos.5
ImprimirEnvie esta página a um amigoCompartilhe isto
Comentário1 Comentário
NOTAS
1. Rabi Levi Yitschak Schneersohn, Torat Levi Yitschak, pág. 140. Talvez esta seja também a resposta mística de por que o Talmud coloca as leis do divórcio antes das leis de noivado. Embora na vida real o noivado preceda o divórcio, seu corolário espiritual, a ordem de acomodação, foi precedida pela ordem do caos.
2. Considere a diferença entre o filantropo que escolhe apoiar um programa social e um empresário que é taxado para apoiá-lo. Ambos dão a mesma quantia, mas o filantropo sente prazer em doar; isso engaja sua alma no nível mais profundo, fazendo-o sentir-se valioso e vital. Para o empresário, é um imposto do qual nenhum prazer é extraído. Dar pela própria vontade acalma a alma e engaja os aspectos mais profundos da nossa humanidade. Não podemos deixar de nos sentir enobrecidos e melhores com nós mesmos após este presente. Mas quando a oportunidade de dar nos é tirada e somos forçados a entregar o dinheiro, nosso espírito é esmagado e nossas almas ficam abaladas.
3. Um amigo meu tem um casamento maravilhoso. Ele e sua mulher – vamos chamá-los Jacob e Rachel – se amam e se respeitam. Mas existem, como em todos os casamentos, áreas de conflito. Uma dessas áreas recentemente foi resolvida da seguinte maneira. Durante anos, Rachel se sentia tensa toda vez que pedia para Jacob participar nos assuntos da família dela. Jacob não permitia que ela aceitasse esses convites em nome dele sem primeiro consultá-lo. Ela presumia que isso era porque ele não gostava de passar tempo com a família dela, e isso a aborrecia. Ela amava sua família e queria passar bastante tempo com eles, mas também não gostava de arrastar o marido para situações desconfortáveis. Um dia ela falou a ele sobre sua ansiedade, e explicou que se sentia dividida entre a família e ele. Jacob ficou surpreso ao saber disso. Assegurou a ela que respeitava e amava sua família, e que gostava de passar tempo com eles. “Por que você é tão categórico em querer que eu sempre o consulte antes de aceitar convites em seu nome?” perguntou ela. “Porque sei o quanto você quer que eu conviva com sua família, e quero dar a você este presente precioso em vez de tê-lo tirado,” explicou ele. Essa explicação sutil mas importante fez toda a diferença. Ela tinha entendido mal a reticência dele, e a interpretava como uma relutância em visitar sua família. Agora que ela entendia o quanto ele apreciava sua família, e além disso, que ele queria transformar esse tempo com eles num presente para ela, essa área do casamento melhorou muito.
4. Devarim 24:1.
5. Como ilustração, Rabino Eliyahu Kitov, em seu livro Ish Ubeiso, explica que podemos nos trancar em casa durante dias sem nos sentir prisioneiros. No momento em que alguém tranca a porta e nos encarcera, nos sentimos confinados. Isso é verdade mesmo se as condições da casa permanecem totalmente inalteradas. O mesmo se aplica ao casamento. A mesma concessão que pode nos deixar confortáveis com nosso casamento quando é feita livremente pode nos fazer sentir confinados quando somos obrigados.

Por Lazer Gurkow
Rabino Lazer Gurkow é líder espiritual da congregação Beth Tefilah em London, Ontário. Tem feito muitas palestras sobre uma variedade de tópicos judaicos, e seus artigos são publicados na imprensa e online. Para saber mais sobre Rabino Gurkow e suas obras, visite InnerStream.ca.

O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. Se você gostou deste artigo, autorizamos sua divulgação, desde que você concorde com nossa política de copyright.

Comentários dos leitores
Comentários mais recentes:
Enviado: Feb 2, 2012
Po que o divórcio...?.
Meus cumprimentos.Excelente análise.
Enviado por Mirian Leah Avraham, S. Paulo, SP/Brasil

Envie um comentário
Assunto:
Comentário:
1000 Caracteres restantes
Nome*:
Publique meu nome como anônimo.
E-mail*:
Cidade*: Estado/País:
* indica um campo obrigatório
Instruções de envio
Favor enviar-me a revista semanal de Chabad.org e novidades do site.
Chabad.org não divulga seu e-mail a terceiros.

Gostou daquilo que leu?
Clique aqui para meios de ajudar a expandir nosso conteúdo judaico e ferramentas úteis.
Colabore
Chabad.org – Entregou

Inscreva-se em nossa lista semanal:
Cadastre-se
Família
Por Que o Divórcio É Necessário

Filhas Que Não Se Entendem

Por que Você Nasceu?

E Se Der Tudo Errado?

Mais do que Palavras

Felizes Para Sempre

Descoberta

A Cabalá do Casamento

Achando Tempo

Nascimento

Começar com o Fim em Mente

De Filho Para Pai

Por que Nos Apaixonamos?

Sucesso no Casamento

Arranjado no Céu

Índice completo...
Exibindo 1 - 15 de 36

Você É Hipócrita? Sobre a Essência da Educação

Por Yosef Y. Jacobson

Um Suborno para Seu Professor

Um professor estava dando um grande teste aos alunos. Ele entregou todas as folhas e voltou à mesa para esperar. Quando a prova terminou, todos os alunos entregaram as folhas de volta. O professor notou que um dos estudantes tinha colocado uma nota de $100 no teste, com um bilhete dizendo: “Um dólar por ponto.”

Na aula seguinte o professor entregou as provas de volta. Aquele aluno recebeu o teste e $56 de troco.

Um Coração

O Talmud relata o seguinte episódio:

Quando nosso pai Yaacov estava em seu leito de morte, cercado pelos filhos, sentiu de repente que a Divina Presença, a Shechiná, se afastava dele. Foi dominado pelo temor de que um dos filhos presentes no quarto estivesse levando uma vida imoral, e que por isso a Shechiná o tivesse deixado. O velho pai confrontou os filhos perguntando se talvez um deles estivesse se corrompendo, traindo os valores que ele, Yaacov, tinha tentado inculcar neles.

Os filhos responderam com a mais famosa declaração judaica:

“Shema Yisrael Hashem Elokenu Hashem Echad. Ouve, ó Israel, - o nome de Yaacov era Israel – o Eterno é Nosso D'us, o Eterno é Um. Kishem Sh’ein B’libcha Ela Echad, Kach Ein B’libeinu Ela Echad. Assim como em Teu coração há somente Um, assim também, em NOSSO coração há somente Um.”

Naquele momento Yaacov respondeu e disse: “Baruch Shem Kevod Malchuto Le’olam Va’ed. Bendito seja o honrável nome de Seu reino para todo o sempre.” (Talmud Pessachim 56 a).

A reação deles desperta uma pergunta. Ouçamos cuidadosamente as palavras deles: “Assim como em TEU coração há somente Um, assim também, em NOSSO coração há somente Um.” A primeira metade da declaração deles parece supérflua. Sabemos que no coração de Yaacov havia somente um D'us. Isso não estava aberto a discussão; ninguém estava suspeitando do coração e da fé de Yaacov. A questão era o que estava se passando no coração DELES. Tudo que precisavam dizer era: “Ouve, pai, em NOSSO coração há somente UM!”?

Um Espelho

A resposta é que nessa mesma expressão eles encerraram um dos grandes temas da educação. A primeira metade da sentença não era supérflua. Os filhos de Yaacov estavam explicando por que o pai não precisava temer sobre o destino moral de seus filhos. “Yaacov nosso pai, se há Um em seu coração,” disseram os filhos ao pai, “pode ter certeza de que em nosso coração, também, há somente Um.” Os filhos são o espelho do coração dos pais, não de suas palavras. Como em teu coração havia um, nosso coração também está saturado com o Único D'us vivo.

Com frequência, os pais pensam que podem transmitir valores aos filhos sem interiorizar esses valores nas suas próprias vidas diárias. Ensinam aos filhos sobre integridade, fé, amor e disciplina, mas não necessariamente incorporam esses valores neles próprios. Pregam sobre um D'us, mas aquele único D'us não os desafia em sua vida pessoal. Falam contra ira, animosidade, inveja e egoísmo, mas eles próprios são presa desses traços.

Os filhos não reagem tanto àquilo que os pais dizem quanto àquilo que eles são. Valores são como resfriados: são apanhados, não ensinados

Isso geralmente não resolve. Os filhos não reagem tanto àquilo que os pais dizem quanto àquilo que eles são. Valores são como resfriados: são apanhados, não ensinados. Se em seu coração há Um – em seu coração haverá também Um. Quando seu filho vivencia consciente e inconscientemente sua pureza e integridade, é provável que os valores que moldaram os pais continuem na vida de seus filhos. Pode demorar alguns anos ou às vezes décadas, mas as sementes plantadas pelo seu coração no coração de seus filhos produzirão os resultados.

Os cientistas políticos há muito descobriram que quatro em cada cinco pessoas com preferência por um partido crescem para votar como seus pais votaram. Na verdade, embora muitas pessoas passem por uma rejeição temporária da política dos pais quando jovens adultos, praticamente nada é mais previsível da sua ideologia política do que aquela de seus pais – é um fator determinante maior que renda, educação ou qualquer outro campo social.

Hipocrisia

Quando foi indagado sobre o maior desafio que enfrenta atualmente, o diretor de uma das maiores escolas judaicas nos Estados Unidos relatou este pensamento: Os pais gastam milhares de dólares em matrículas e mensalidades para enviar os filhos à nossa escola onde, juntamente com matemática e química, esperam que ensinemos alguma ética básica. Então, num domingo, os pais levam os filhos a um parque de diversões e mentem sobre a idade deles para economizar cinco dólares no ingresso. Para economizar cinco pratas eles destroem uma educação que custa $15.000.

A maioria dos pais e professores percebe que valores e perspectivas devem ser plantadas pelo exemplo pessoal. Porém, na prática, às vezes tentamos incutir em nossos filhos e alunos rotinas comportamentais que nós pessoalmente ainda não dominamos. Insistimos para que nossos filhos comam corretamente, embora sobrevivamos com café e biscoitos. Insistimos para que não se sentem na frente da TV durante horas, enquanto estamos longe de corresponder a essas expectativas. Em resumo, é mais fácil trabalhar em nossos filhos que em nós mesmos, e portanto é isso que fazemos às vezes.

Essa hipocrisia tem resultados desastrosos: muitos filhos veem seus pais e professores como insinceros. O desrespeito se instala lentamente, até que, por volta dos 12 a 15 anos, destrói a confiança e o relacionamento pai-filho ou professor-aluno. Então as crianças rejeitam a autoridade moral dos adultos em sua vida. Isolam-se emocionalmente dos pais e professores, e começam a tomar suas próprias (muitas vezes autodestrutivas) decisões.

É mais fácil trabalhar em nossos filhos que em nós mesmos, e é isso que fazemos às vezes.

Num famoso estudo sobre a transmissão de valores de pais para filhos a seguinte pergunta foi feita a muitas crianças: O que seus pais querem que vocês sejam quando crescerem – ricos, famosos, inteligentes ou bons? A maioria das crianças – vindas de variados setores demográficos e culturais – respondeu ricos, inteligentes ou famosos como mais importantes. E a característica que menos pontuou foi “bom”. Ironicamente, os pais que responderam as mesmas perguntas responderam que queriam “bom” como a qualidade preferida para seu filho.

Por que houve essa discrepância entre o desejo dos pais e a percepção dos filhos?

A resposta pode ser que pregar aos filhos exige a prática paralela pelos pais. A verdadeira bondade não é ensinada nos livros, é transmitida pelo exemplo vivo. Os pais podem dizer aos filhos que desejam que eles sejam boas pessoas acima de tudo, mas o que os filhos estão vivenciando com seus pais? Eles estão – os pais – colocando a bondade acima de todos os outros confortos?

Se você deseja tocar o coração de seu filho, assegure que o seu próprio coração foi tocado. E trabalhe não apenas em sua identidade consciente, mas também na inconsciente. Os filhos com frequência reagem ao inconsciente dos pais ainda mais que ao ser consciente dos pais.

Esta foi a mensagem dos filhos de Yaacov ao pai: O motivo de haver em seu coração somente Um, é porque nossos corações refletem e espelham o Seu coração, e em seu coração há somente Um. Isso é verdadeiro no que se refere a todo pai e todo professor.
ImprimirEnvie esta página a um amigoCompartilhe isto
ComentárioComentário

Por Yosef Y. Jacobson
Rabino Yosef Y. Jacobson é editor de Algemeiner.com, um site de notícias e comentários judaicos em inglês e yidish. Rabino Jacobson também faz palestras sobre ensinamentos chassídicos, sendo muito popular e bastante procurado. É autor da série de fitas “Um Conto Sobre Duas Almas”.

O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. Se você gostou deste artigo, autorizamos sua divulgação, desde que você concorde com nossa política de copyright.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

"De Moshê a Moshê, nunca houve alguém como Moshê."

Imprimir Envie esta página a um amigo
Compartilhe isto:
del.icio.us Digg this StumbleUpon Facebook
MySpace Google Twitter Yahoo! MyWeb
Compartilhe isto
Comentário2 Comentários
Maimônides - O Rambam
1135-1204 (4895-4965)

Vida



No decorrer da história, houve alguns pensadores cuja influência sobre as gerações que os sucederam continua evidente até os dias de hoje.

Rabi Moshê ben Maimon (Maimônides) ou simplesmente Rambam como é mais conhecido, foi uma destas figuras.

Maimônides nasceu em 1135, na cidade de Córdoba, na Espanha, então sob domínio muçulmano. A cidade era um grande centro cultural, onde muçulmanos, judeus e cristãos conviviam e participavam ativamente da vida pública.

Em 1148, no entanto, foi tomada pelos Almohads, que pregavam a restauração da fé pura Islâmica. Os judeus que não se converteram foram expulsos. Rabi Maimon, pai de Maimônides e líder da comunidade judaica de Córdova, levou sua família de cidade em cidade no sul da Espanha durante a próxima década, à medida que os Almorávidas gradualmente varriam o país. Os comentários de Maimônides sobre os dois Talmud, o de Jerusalém e o da Babilônia, bem como seus primeiros tratados, foram compostos durante aqueles anos de perseguição.

Em 1159 chegaram a Fez, Marrocos, onde permaneceram por cinco anos. Maimônides estudou medicina e Torá durante este período, onde também compilou a maior parte de seu trabalho para o comentário da Mishná. Trabalhando às vezes sob condições difíceis, ele era com freqüência forçado a trabalhar de memória, condensando e esclarecendo as longas explicações talmúdicas da Mishná, sem ter o texto à sua frente.

Em 1164, a perseguição religiosa forçou a família a sair também de Fez. Após passarem pela Terra Santa, Rabi Maimon e sua família chegaram a Fostad, no Egito (antigo Cairo) em 1166, o ano do falecimento de Rabi Maimon. Durante os cinco anos que se seguiram, a família foi sustentada pelo irmão de Maimônides, David, permitindo que Maimônides começasse a trabalhar em sua obra Mishnê Torá. Em 1171, no entanto, David morreu num naufrágio, e Maimônides passou a exercer a medicina como forma de sustentar a família. Foi nesta conjuntura que ele deu início àquilo que mais tarde se tornaria uma carreira de sucesso como médico, chegando a servir como médico pessoal do Grande Vizir Alfadhil e do Sultão Saladin.

Por volta de 1177, as obras eruditas de Maimônides tinham se tornado tão respeitadas que foi convidado a ser Rabino Chefe do Cairo, uma comunidade judaica grande e influente. Apesar dessas responsabilidades, ele completou a Mishnê Torá logo depois e, dez anos mais tarde, seu Guia para os Perplexos.

Maimônides faleceu em 1204, em Fostat, e foi enterrado em Tiberíades, Israel.

Datas e Eventos

* 1135 (4895 após a criação do Mundo) – 14 de Nissan, nasce Moshê ben Maimon em Córdova, Espanha.
* 148- (4908) – Os almohávidas, seita muçulmana fanática da África do Norte, captura Córdova. A família Maimon foge e começa um período de onze anos de andanças pelo sul da Espanha e norte da África.
* 1158/61 (4918-4921) – O Rambam começa a escrever o seu "Comentário Sobre a Mishná".
* 1159 (4919) – A família Maimon se estabelece em Fez, capital do Marrocos.
* 1162/63 (4922-4923) – O Rambam compõe e propaga a "Igueret Hashmad" (Epístola sobre a Apostasia).
* 1164-65 (4924/4925) – A família Maimon deixa Fez e percorre a Terra Santa.
* 1165-68 (4925-4928) – O Rambam completa seu "Comentário sobre a Mishná".
* 1166 (4926) – A família Maimon deixa a Terra Santa e se estabelece em Alexandria, no Egito
* 1166 (4926) – Falece Rabi Maimon, pai do Rambam.
* 1167/70 (4927-4930) – O Rambam começa a escrever o "Sefer HaMitsvot" e o "Mishnê Torá".
* 1169 (4929) – O Rambam escreve e envia a "Igueret Teiman" aos judeus do Iêmen.
* 1171 (4931) – Rabi David, irmão do Rambam, morre afogado num naufrágio.
* 1171 (4931) – O Rambam se estabelece em Fostad, Egito, onde vive pelo resto da sua vida.
* 1171/74 (4931-4934) – Fim do califado de Fatimide. Saladino torna-se Rei do Egito.
* 1177 (4937) – O Rambam é nomeado Rabino-Mor pela comunidade judaica do Cairo.
* 1177/80 (4037-4940) – O Rambam termina de escrever o Mishnê Torá.
* 1186 (4946) – 28 de Sivan, nasce o filho do Rambam, Rabi Avraham.
* 1186/90 (4946-4950) – O Rambam termina o "More Nevuchim" – o "Guia dos Perplexos".
* 13 de dezembro de 1204 – 20 de Tevêt de 4965 – O Rambam falece e é sepultado na Cidade Santa de Tiberíades, em Israel.

Mishnê Torá

Por volta do século XII da era comum, cerca de 700 anos depois que o Talmud da Babilônia tinha recebido seu formato final, havia se desenvolvido uma vasta população de judeus para quem seus argumentos, muitas vezes sutis, eram inacessíveis. Sem as explicações talmúdicas, era difícil entender corretamente a linguagem condensada da Mishná.

Rabi Yitschakl Alfasi (o Rif) deu o primeiro passo para tornar as explicações mais acessíveis, selecionando opiniões autorais e a passagem legal relevante do Talmud, dispensando as discussões mais elaboradas e as seções de casos. Em seu formato final, a compilação do Rif foi uma tremenda realização – poucos eruditos tinham o conhecimento e a percepção necessária para estudar todo o material talmúdico para chegar às leis definitivas. Seguindo a mesma organização do Talmud – com suas freqüentes, às vezes abruptas mudanças de assunto – no entanto, a obra do Rif não era de fácil consulta àqueles que não eram bem versados no Talmud.

Maimônides procurou remediar esta deficiência compondo um código organizado por tópicos. Mishnê Torá, é composta de 14 livros que contêm 982 capítulos e milhares de leis. Dividiu sua obra em catorze livros, com cada livro dividido em capítulos e cada capítulo desmembrado em discussões de leis individuais.

Esforçou-se para criar um código no qual o regulamento sobre um assunto específico pudesse ser prontamente localizado. Colecionando todas as legislações bíblicas, talmúdicas e pós-talmúdicas, e destacando as opiniões mais abalizadas, ele incluiu toda a gama da Lei Judaica – mesmo aquelas leis que, segundo a tradição, não serão novamente praticadas até a Era de Mashiach (tais como as referentes aos sacrifícios no Templo). Para facilitar o acesso e a leitura, Maimônides escolheu apresentar as leis em seu código sem referência a suas fontes ou explicações de seu arrazoado (ambos foram subseqüentemente fornecidos por outros comentaristas).

Sua intenção, em resumo, foi fornecer um código de leis que, em suas palavras, permitiriam que "nenhum homem teria de recorrer a qualquer outro livro sobre qualquer assunto da Lei Judaica, mas que o compêndio conteria toda a Lei Oral". Portanto, ele decidiu chamá-la Mishnê Torá (Segundo à Torá). E de fato, a partir de sua publicação, a reação à obra foi extraordinária. Estudada e consultada por judeus de todas as partes, a Mishnê Torá logo foi aclamada como a obra mais notável da erudição judaica desde o Talmud.

Escrita em linguagem clara e cuidadosamente elaborada, tornou-se um modelo de composição sucinta e concentrada. (Comentaristas posteriores se referem à redação das obras de Maimônides como "linguagem de ouro"). Única em seu escopo, sem par em sua composição, a obra tem se mantido como o alicerce para todas as codificações da Lei Judaica desde então.

Guia para os Perplexos

No seu livro "Guia dos Perplexos", o Rambam mostra o caminho certo para o indivíduo. Apesar de sempre preocupar-se com o bem-estar da comunidade e do povo em geral, ele sabia muito bem que às vezes o indivíduo não se adapta às regras gerais. Por isso escreveu o livro como uma orientação para a vida.

Durante a vida de Maimônides, muitos judeus observantes tinham sentido atração pelas obras dos antigos filósofos gregos, uma influência que era popular dentre os eruditos árabes da época. Enfrentando conflitos entre as concepções aristotélica e judaica do mundo, estes judeus se tornaram perturbados e abalados em sua fé. Preocupado com essa confusão e temendo suas potenciais conseqüências, Maimônides compôs seu Guia para elucidar sistematicamente a filosofia básica e os dogmas religiosos do Judaísmo. O Guia não foi direcionado ao judeu descrente, mas explicitamente projetado para judeus eruditos e devotos. Como escreve Maimônides em sua introdução: "O objetivo desse tratado é esclarecer um homem religioso que foi treinado a acreditar na verdade de nossa sagrada Lei, que conscientemente cumpre seus deveres morais e religiosos, e ao mesmo tempo tem obtido sucesso em seus estudos filosóficos."

O Guia é dividido em três partes. A primeira é dedicada a discussões dos equívocos que podem surgir diretamente do texto da Torá – aparentes contradições escriturais, antropomorfismos de D’us, e similares. O segundo ataca problemas que brotam das incompatibilidades entre as abordagens "científica" (Aristotélica) e bíblica a D’us e ao mundo, e analisa extensivamente a legitimidade de aplicar o raciocínio aristotélico a questões de religião e da Torá. A seção final do Guia está voltada a temas mais gerais, fundamentalmente religiosos: a natureza do bem e do mal, o propósito do mundo, o significado por trás dos Mandamentos, o caráter da pura devoção. Infelizmente, a linguagem filosófica na qual o Guia é composto tem levado a um mau entendimento das intenções de Maimônides. Perfeitamente cônscio dessas dificuldades em potencial, Maimônides deixa claro em sua introdução que o Guia deve ser lido com muito cuidado:

"Aquilo que escrevi nesta obra não foi a sugestão do momento; é o resultado de profundo estudo e grande aplicação… Não o leia superficialmente, para não me ofender, e não extraia benefício para si mesmo. Você deve estudar extensivamente e ler sempre."

Alguns dos mais notáveis comentaristas rabínicos clássicos na verdade indicaram que muitos dos conceitos que Maimônides discute estão baseados em profundas opiniões do Zôhar, o texto básico do misticismo judaico. Deve-se enfatizar que embora muito filosófico e científico, o Guia permanece profundamente enraizado na Torá. Maimônides via a ciência e a filosofia como auxílios ao entendimento das Leis de D’us, em vez de um fim em si mesmas.

Apesar desses mal entendidos que se seguiram à publicação e ao fato de ter uma platéia específica, a influência do Guia foi profunda, tanto no círculo judaico quanto no não-judaico. Indiscutivelmente o mais comentado dos tratados filosóficos de todos os tempos, possui mais de trinta comentários em hebraico cujos autores são conhecidos e grande número de outros comentários escrito por autores cujos nomes se perdeu.

Traduzido em praticamente todos os idiomas europeus, é citado extensivamente nas obras de Aquino, Bacon e outros. O mais significativo, porém, é que o Guia foi responsável por abrir uma nova era de investigação judaica em questões de filosofia, servindo tanto como pedra fundamental quanto como um catalisador para obras subseqüentes em seu gênero.

Os Treze Princípios de Fé

O Rambam faz parte da vida dos sábios e dos eruditos, quando todos os dias se elevam ao mergulhar na profundidade de seus livros. Mesmo as pessoas menos instruídas são influenciadas pelo Rambam, através dos 13 Princípios da Fé, formulados por ele.

Esses princípios da fé judaica versam sobre as virtudes, a fidelidade e a fé na eternidade da Torá e na breve vinda de Mashiach – todos estes valores tiveram e têm um papel importante na complementação espiritual de nosso povo. Esta prece representa a grandeza da obra do Rambam, pois ele conseguiu penetrar no intelecto e no coração de todos os judeus; do mais erudito ao mais afastado dos conhecimentos da Torá.

Cada um dos 613 preceitos da Torá serve para:

1. Transmitir atitudes apropriadas;
2. Remover concepções errôneas;
3. Estabelecer legislação;
4. Eliminar a perversidade e a injustiça;
5. Imbuir no indivíduo virtudes exemplares;
6. Deter a pessoa perante as más inclinações.

Os Treze Princípios da Fé – segundo Maimônides "Ani Maamin" – Creio plenamente:

1. Creio plenamente que D’us é o Criador e guia de todos os seres, ou seja, que só Ele fez, faz e fará tudo.
2. Creio plenamente que o Criador é um e único; que não existe unidade de qualquer forma igual à d’Ele; e que somente Ele é nosso D’us, foi e será.
3. Creio plenamente que o Criador é incorpóreo e que está isento de qualquer propriedade antropomórfica.
4. Creio plenamente que o Criador foi o primeiro (nada existiu antes d’Ele) e que será o último (nada existirá depois d’Ele).
5. Creio plenamente que o Criador é o único a quem é apropriado rezar, e que é proibido dirigir preces a qualquer outra entidade.
6. Creio plenamente que todas as palavras dos profetas são verdadeiras.
7. Creio plenamente que a profecia de Moshê Rabeinu é verídica, e que ele foi o pai dos profetas, tanto dos que o precederam como dos que o sucederam.
8. Creio plenamente que toda a Torá que agora possuímos foi dada pelo Criador a Moshê Rabênu.
9. Creio plenamente que esta Torá não será modificada e nem haverá outra ortorgada pelo Criador.
10. Creio plenamente que o Criador conhece todos os atos e pensamentos dos seres humanos, eis que está escrito: "Ele forma os corações de todos e percebe todas as suas ações" (Tehilim 33:15).
11. Creio plenamente que o Criador recompensa aqueles que cumprem os Seus mandamentos, e pune os que transgridem Suas leis.
12. Creio plenamente na vinda do Mashiach e, embora ele possa demorar, aguardo todos os dias a sua chegada.
13. Creio plenamente que haverá a ressurreição dos mortos quando for a vontade do Criador.

Maimônides na Medicina

O Rambam extraiu seu conhecimento medicinal do próprio Talmud. Os nossos sábios, há milhares de anos, já conheciam regras medicinais que ainda agora estão sendo descobertas. A própria Torá nos adverte para cuidarmos da saúde de nosso corpo. É proibido aceitar a falsa linha de que, como D’us deu a doença, somente por Ele deve ser curada. Ao contrário, no Judaísmo é uma mitsvá curar os doentes e vencer as moléstias; a salvação de uma vida é superior a tudo. Maimônides escreveu: "É proibido uma pessoa se expor ao perigo de modo proposital."

A Halachá tem uma grande influência sobre os conceitos do Rambam na Medicina. Sua famosa oração do médico é plena de fé e convicção da influência Divina sobre a Medicina. Ele acreditava plenamente nesta influência sobre o corpo, onde alma e o corpo são indivisíveis.

Rambam sempre confiou muito no Médico Celestial, que acompanha o médico terrestre. O ponto principal de Rambam é que somente por meios físicos não se pode curar um doente. O corpo anda de mãos dadas com a alma e são necessárias forças espirituais para curar as doenças. As boas virtudes foram colocadas por Rambam no mesmo nível dos remédios, pois um completa o outro. Segundo a linha do Rambam, a pessoa que mortifica propositadamente seu corpo é um pecador, pois está fazendo a alma sofrer. Ele declarava que a força do corpo está ligada ao espírito e que todas as doenças se refletem no espírito da pessoa. Na sua linguagem: "Para os irados, sua vida não é vida."

Suas opiniões são válidas ainda atualmente, apesar de terem já se passado centenas de anos. Podemos conhecer um pouco de Rambam como médico através da leitura do texto conforme aparece em uma de suas cartas:

"Moro em Fostat e o Sultão reside no Cairo; estes dois locais estão a cerca de 2km de distância. Minhas obrigações para com o Sultão são muito pesadas. Tenho de visitá-lo todos os dias, de manhã cedo; e quando ele ou algum dos filhos, ou as pessoas do harém, estão indispostos, não ouso sair do Cairo, porque devo permanecer a maior parte do dia no palácio. Também acontece freqüentemente que um ou dois dos oficiais da corte adoecem, e devo cuidar de sua cura. Portanto, em geral, vou ao Cairo bem cedo pela manhã e se nada de extraordinário acontece, só volto a Fostat no fim da tarde.

"A esta altura, estou quase morrendo de fome. Encontro as antecâmaras repletas de gente, judeus e gentios, nobres e pessoas comuns, juizes e meirinhos, amigos e inimigos – uma multidão variada, que espera pela minha volta. Desmonto de meu animal, lavo as mãos, vou até meus pacientes, peço a eles que esperem enquanto como alguma coisa, a única refeição que faço em vinte e quatro horas. Então atendo meus pacientes, prescrevo receitas e orientações para suas diversas doenças. Os pacientes entram e saem até o anoitecer, e às vezes até, eu lhe asseguro solenemente, oito horas da noite. Converso e receito deitado, de pura fadiga, e quando a noite chega estou tão exausto que mal posso falar.

"Em conseqüência disso, nenhum israelita pode ter qualquer entrevista privada comigo, exceto no Shabat. Naquele dia toda a congregação, ou pelo menos a maior parte, procura-me depois do serviço matinal, quando então os instruo sobre seus procedimentos durante a semana inteira; estudamos juntos um pouco até meio-dia, quando vão embora. Alguns deles voltam, e lêem comigo depois do serviço vespertino até as Preces Noturnas. Assim passo o dia. Aqui relatei a você apenas uma parte daquilo que verá quando me visitar."

Oração do médico

Autoria atribuída a Maimônides:

"Ó D’us, Tu formaste o corpo do homem com infinita bondade; Tu reuniste nele inumeráveis forças que trabalham incessantemente como tantos instrumentos, de modo a preservar em sua integridade esta linda casa que contém sua alma imortal, e estas forças agem com toda a ordem, concordância e harmonia imagináveis. Porém se a fraqueza ou paixão violenta perturba esta harmonia, estas forças agem umas contra as outras e o corpo retorna ao pó de onde veio. Tu enviaste ao homem Teus mensageiros, as doenças que anunciam a aproximação do perigo, e ordenas que ele se prepare para superá-las.

"A Eterna Providência designou-me para cuidar da vida e da saúde de Tuas criaturas. Que o amor à minha arte aja em mim o tempo todo, que nunca a avareza, a mesquinhez, nem a sede pela glória ou por uma grande reputação estejam em minha mente; pois, inimigos da verdade e da filantropia, ele poderiam facilmente enganar-me e fazer-me esquecer meu elevado objetivo de fazer o bem a teus filhos.

"Concede-me força de coração e de mente, para que ambos possam estar prontos a servir os ricos e os pobres, os bons e os perversos, amigos e inimigos, e que eu jamais enxergue num paciente algo além de um irmão que sofre. Se médicos mais instruídos que eu desejarem me aconselhar, inspira-me com confiança e obediência para reconhecê-los, pois notável é o estudo da ciência. A ninguém é dado ver por si mesmo tudo aquilo que os outros vêem.

"Que eu seja moderado em tudo, exceto no conhecimento desta ciência; quanto a isso, que eu seja insaciável; concede-me a força e a oportunidade de sempre corrigir o que já adquiri, sempre para ampliar seu domínio; pois o conhecimento é ilimitado e o espírito do homem também pode se ampliar infinitamente, todos os dias, para enriquecer-se com novas aquisições. Hoje ele pode descobrir seus erros de ontem, e amanhã pode obter nova luz sobre aquilo que pensa hoje sobre si mesmo.

"D’us, Tu me designaste para cuidar da vida e da morte de Tua criatura: aqui estou, pronto para minha vocação."

Ensinamentos

Filosofia

Os filósofos opinam que Maimônides influenciou muito o pensamento da Filosofia e da Medicina. Graças a ele, a teoria de Aristóteles foi aceita na Filosofia em geral na Idade Média. O Rambam criou uma síntese entre a Filosofia e a Medicina, aprofundando-se em ambas, analisando-as de maneira aguda e crítica. Os seus ensinamentos sobre estas matérias vieram a ser conhecidos mesmo nos ambientes não judaicos. Suas obras foram traduzidas do original árabe para o ladino e outros idiomas daquela época. Em muitas universidades estas obras ainda são estudadas.

Ciência

No mundo científico, o Rambam foi intitulado de "O Aristocrata Espiritual", mas para nós, ele tem um título maior e mais elevado, "O Mestre de Nosso Povo". Seus ensinamentos destinam-se não somente aos gigantes em erudição, mas também às pessoas simples, pois a estas ele doou inteiramente sua alma. Estava sempre atento aos interesses das mesmas, em todos os países onde viveu.

O Talmud

Em seu outro trabalho monumental, o Rambam declara que para entender as leis do Talmud são necessárias três coisas: um intelecto amplo, paz de espírito e muito tempo. Ele viu que o Talmud, a principal obra orientadora do povo judeu, tinha ficado além do alcance da maioria do povo. Isto se deveu a abordagem de temas complexos ali expostos, aliado às dificuldades e sofrimentos dos judeus que não possuiam o tempo e a calma para absorver seu vasto e profundo conteúdo. O Rambam sentiu também que os talmudistas estavam diminuindo em número e assim, havia o grave perigo de o povo esquecer a Torá, sem a qual a vida de um judeu não tem sentido.

Dedicou então todos seu profundo conhecimento para desvendar os segredos da Torá tornando-os acessíveis e de fácil compreensão a todos, escrevendo grande parte de suas obras em outros idiomas, especialmente o árabe, que na época era a língua corrente no sul da Europa, norte da África e em todo o Oriente. Sua primeira obra, a Explicação da Mishná, também é chamada de "Livro da Iluminação", pois ilumina os olhos dos leigos.

Antes de chegar aos vinte e três anos, Maimônides tinha completado um tratado sobre o Calendário Judaico, uma dissertação sobre lógica, e um compêndio legal do Talmud de Jerusalém.

As mitsvot

Maimônides não exige que o indivíduo se eleve acima da capacidade do seu intelecto, mas quer que desenvolva os dons naturais para usá-los da melhor maneira possível. Nos orienta a usar "um caminho de ouro", as mitsvot, boas ações, que nos abre os olhos para encontrar o verdadeiro caminho até D’us e Sua Torá.

A finalidade do Rambam era elevar o povo mesmo nos momentos mais difíceis, abrir amplamente as portas a todos os judeus para que pudessem estudar e compreender o Talmud, tanto os adultos como as crianças. É interessante notar como ele se expressa ao falar das leis do shofar: "Por causa da elasticidade do exílio e dos fortes sofrimentos, caiu a lei de como deve ser o toque do shofar, Deve ele representar um gemido profundo ou um suspiro normal?"

Nessa observação o Rambam demonstra sua atitude para com a Halachá, e descreve aqui algo muito profundo. O exílio está repleto dos gemidos judaicos; nós passamos por dois tipos de exílio: o espiritual e o físico. No espiritual, sofre a alma judaica, e no exílio físico é o corpo judaico que sofre. O sofrimento espiritual vem pela profanação do Shabat, pela falta de Cashrut e pelos decretos contra a nossa religião que os nosso inimigos impõem. O sofrimento físico são as torturas e perseguições. O shofar deve transmitir para D’us os dois tipos de gemidos, o físico e o espiritual.

Astrologia

Maimônides estudou profundamente o assunto antes de emitir sua opinião onde foi um dos poucos que ousaram levantar sua voz contra a crença quase universalmente aceita do poder dos corpos celestes de influenciar o destino humano. Ele denunciava a astrologia como uma superstição próxima à idolatria, rejeitando-a categoricamente e a outras práticas supersticiosas.

Na sua famosa carta à comunidade do Iêmen, Maimônides declara: "Eu noto que vocês estão inclinados a acreditarem na astrologia e na influência das conjunções passadas e futuras dos planetas sobre os assuntos humanos. Deveriam tirar tais noções de seu pensamento…"

Maimônides investiu fortemente contra a astrologia, denunciando-a como um engodo que é subversivo contra a fé e os ensinamentos do Judaísmo. Ele escreve na Ética dos Pais: "Aprofundei-me neste assunto para que você não acredite nas idéias absurdas dos astrólogos, que asseguram falsamente que a posição dos astros no momento do nascimento da pessoa determina se ela será virtuosa ou perversa."

Amuletos

Desde os tempos mais antigos, as pessoas têm tentado afastar desgraças, doenças ou "maus espíritos" usando sobre o próprio corpo pedaços de papel, pergaminhos ou discos de metal, gravados com várias fórmulas que deveriam proteger ou curar o usuário. Tais artefatos são conhecidos como amuletos. Maimônides, contrário à considerável parte da opinião rabínica na Idade Média, opõe-se rigorosamente a tais práticas. Ele argumenta contra a tolice dos escribas dos amuletos e contra o uso de objetos religiosos (tais como o Rolo da Torá) para a cura de doenças.

Humanismo:

Em seus ensinamentos, o Rambam não deixa de lado nenhum detalhe da vida humana. Fala da vida particular, da vida familiar, do relacionamento entre as pessoas e destas com a coletividade. Comenta os deveres que nós, judeus, temos para com os países onde vivemos e as responsabilidades do governo com os cidadãos.

Mashiach:

Ele também escreveu um código especial para o reino de Israel, para ser usado quando chegasse a época da Redenção. Este código regula toda a vida do país ligando o reino inferior ao Reino Celestial (superior) – uma visão da Era Messiânica, quando todos se comportarão com uma ética mais elevada aplicada a vida diária.

Capítulo 11

… e todo aquele que não acredita no Mashiach, ou que não aguarda sua vinda – está não apenas contestando os outros profetas, mas a própria Torá e Moshê Rabênu. (Lei 1)

… ao levantar-se um rei da Casa de David estudioso da Torá e dedicado às mitsvot (preceitos) de acordo com a Torá Escrita e Oral, como seu pai David – e ele levará todo o povo de Israel a seguir a Torá; ele a fortalecerá e lutará pelas causas de D’us – certamente deve tratar-se de Mashiach. Se for bem-sucedido, reconstruirá o Santuário em seu lugar e reagrupará os dispersos de Israel (na terra de Israel) – com toda a certeza será o Mashiach. Ele retificará o mundo no sentido de todos servirem juntos a D’us. (Lei 4)

Capítulo 12

Não pense que na Era Messiânica se anulará algo dos costumes e da natureza do mundo, ou que haverá qualquer novidade na obra da Criação. Na realidade, o mundo seguirá o seu caminho… o que ocorrerá é que Israel será estabelecido para sempre… todos os povos retornarão à verdadeira fé; não furtarão, nem prejudicarão… (Lei 1)

Disseram nossos Sábios: "Não há diferença entre este mundo (esta época) e a Era Messiânica, exceto que não seremos mais subjugados por outros povos". O que transparece literalmente das palavras dos Profetas é que no início da Era messiânica haverá a guerra de "Gog e Magog"; e antes dela se levantará um profeta que encaminhará Israel e preparará o seu coração…

A pessoa só saberá como serão todos estes acontecimentos quando ocorrerem, pois são fatos ocultos nos livros dos profetas… (Lei 2)

Os sábios e os profetas não ansiavam pela Era Messiânica para dominar o mundo, dominar as nações ou para que fossem honrados pelos povos, tampouco para ter em abundância alimento, bebida e festividades. Desejavam, sim, a Era Messiânica a fim de ficarem livres para se dedicar à Torá e à sua sabedoria, sem que houvesse qualquer domínio ou obstáculo, pois seria esse estudo que os levaria a merecer a vida no Mundo Vindouro… (Lei 4)

Na Era Messiânica não haverá fome, guerra, inveja ou concorrência – pois o bem existirá em profusão e todas as delícias serão abundantes como o pó da terra. O mundo se dedicará, apenas e tão somente, ao conhecimento de D’us. Portanto os integrantes de Israel serão grandes sábios e conhecedores dos fatos ocultos, e captarão o conhecimento do Criador, de acordo com a capacidade humana, como foi dito: "Pois a terra estará repleta do conhecimento de D’us, como as águas cobrem o leito dos mares" (Yeshayáhu 11:9). (Lei 5)

Em um Siyum (Encerramento do Estudo) da obra "Yad Hachazacá" ou Mishnê Torá de Rambam, o Lubavitcher Rebe, Rabi Menachem Mendel Schneerson, forneceu a seguinte explicação por que Maimônides, ao definir esta época, cita o versículo completo: "… como as águas cobrem os mares":

Da mesma forma que nos mares existem peixes e outros seres aquáticos que são distintos da composição do mar (apesar de sua existência estar completamente condicionada e dependente do mar), assim também existe a possibilidade de o ser humano conhecer D’us, apesar de ele e D’us serem duas entidades distintas.

Porém, as águas que cobrem a superfície do mar na realidade representam sua própria essência, sendo que elas são a única coisa visível, completamente integradas ao mar. De maneira similar, disse o Rebe, Maimônides descreve a Era Messiânica como sendo repleta do conhecimento Divino "como as águas que cobrem os mares" ou seja, a única coisa visível no mundo seá o conhecimento Divino. As criaturas estarão integradas ao Criador, sendo que a única existência no mundo será o conhecimento Divino.

Conselhos práticos de Rambam

Disposições Morais

Todo ser humano possui diversos temperamentos, cada um distinto do outro. Há um tipo irascível e que está sempre zangado; outro é tranqüilo e quando chega a irritar-se, o faz brandamente, uma vez em muitos anos. Há indivíduos que são exageradamente arrogantes, e outros extremamente humildes. Existem ainda os sensuais, cujos desejos nunca podem ser satisfeitos, e os de coração puro, que não anseiam pelas poucas coisas que o corpo necessita. Há também os gananciosos, cuja alma não se satisfaz nem com todo o dinheiro do mundo; os frugais, que ficam contentes mesmo com uma pequena quantia. Embora não suficiente para suas necessidades. Há aqueles que se torturam pela fome – são avaros, e não consomem um centavo do que é seu, sem grande angústia. E há os que desperdiçam intencionalmente todo seu dinheiro.

Os outros temperamentos, tais como o frívolo e o melancólico, o cruel e o compassivo, o brando e o duro de coração e assim por diante, podem ser vistos de maneira similar.

Seguir qualquer um dos extremos de cada temperamento não é o caminho certo. O correto é a tendência intermediária de cada um deles, dos quais o homem é dotado. Não se deve ser uma pessoa irada, facilmente irritável, tampouco apática, que nada sente: o melhor é ficar no meio. O indivíduo deve ficar irado somente por alguma coisa grave, pela qual seja apropriado zangar-se, a fim de que tal fato não se repita. Igualmente, não se deve cobiçar algo além daquilo que o corpo necessita, e sem o qual é impossível sobreviver. Não se deve ser miserável demais e nem esbanjar o dinheiro. A pessoa deve fazer caridade de acordo com seus recursos e emprestar àquele que necessita. Não se deve ser frívolo demais, nem demasiado triste e lamentoso; deve-se porém ser agradável, contente e cordial todos os dias da vida. O mesmo se aplica aos outros temperamentos.

A pessoa cujos temperamentos são intermediários e segue o caminho do meio é chamada de sábia.

Bom caráter e conduta ética são fatores essencias num ser humano, em seu comprimento dos preceitos Divinos. Uma pessoa deve ser escrupulosa em sua conduta, delicada ao conversar, agradável aos seus semelhantes, recebê-los de maneira afável e cortês, conduzir seus assuntos comerciais com integridade e honestidade, e dedicar-se ao estudo da Torá.

Valor da Vida Humana

Para salvar uma vida humana, todos os 613 preceitos da Torá, com exceção de três (ver abaixo) podem ser postos de lado, se necessário. Assim, se alguém está perigosamente enfermo, e os médicos asseguram que o paciente pode ser curado pelo uso de um remédio que implica a transgressão de um mandamento bíblico, este deve ser aplicado.

Onde a vida está em perigo, qualquer coisa proibida pela Torá pode ser usada para curar o paciente, exceto a prática de idolatria, incesto e assassinato. Entretanto, não se pode sacrificar uma vida humana para salvar outra, mas o Shabat pode ser profanado; comida não-casher pode ser consumida e pode-se ingerir alimentos mesmo em Yom Kipur. A base para esse princípio é a declaração escritural de que "Ele viverá por eles" (Vayicrá 18:5), que nos ensina que devemos viver pela Torá e não morrer por ela. Este princípio é aplicável não somente nos casos de perigo de vida, mas também nos de perigo em potencial.

Seguem alguns exemplos: uma mulher em trabalho de parto, e pouco depois o parto é considerado como fazendo parte da categoria dos perigosamente doentes. Todos os preceitos são suspensos, se necessário, em seu benefício. Se uma mulher morre de parto, é permitido, e até obrigatório, fazer uma cesariana no Shabat, na tentativa de salvar a criança. Mesmo que o perigo de vida não seja uma doença física, mas uma ameaça externa, como no caso de uma vítima de afogamento, ou alguém preso numa casa incendiada, deve-se fazer todo o possível para salvá-la.

A doença mental e emocional, perigosa ou potencialmente perigosa, é vista do mesmo modo que a doença física, como no caso de uma criança trancada num quarto e que pode morrer de medo se não for salva. Para resgatar alguém de um prédio que desmorona, mesmo que esteja quase morto, mas com chances de sobreviver, é permitido profanar o Shabat. Estes regulamentos indicam claramente que o valor da vida humana é ilimitado e que cada um dos seus momentos é valioso.

Regras Básicas de Saúde

Banho

A pessoa não deve tomar banho imediatamente após uma refeição ou quando estiver com muita fome, mas sim quando o alimento começar a ser digerido.

Deve-se lavar a cabeça somente com água bem quente. Com relação ao corpo, inicia-se sua lavagem com água quente, diminuindo a temperatura aos poucos até terminar com água fria.

Sono

É suficiente para um indivíduo dormir oito horas diárias. Este sono deve terminar no final da noite, de modo que desde o começo do sono até o nascer do sol passem-se oito horas. Assim, ele se levantará da cama antes de o sol nascer.

A pessoa não deve dormir de bruços ou de costas, mas sobre o seu lado esquerdo, no começo da noite, e no fim dela, do lado direito. Não se deve deitar para dormir logo depois de comer, esperando algumas horas depois de uma refeição.

Prisão de ventre

Uma pessoa não deve adiar suas necessidades fisiológicas nem por um momento; estas devem ser cumpridas imediatamente. Aquele que as contêm pode acarretar sobre si doenças graves, pondo sua vida em risco. O homem deve, ao contrário, habituar seus movimentos intestinais a horários regulares para não constranger-se na presença de outros.

Quando alguém tem prisão de ventre, se for jovem: pela manhã deve comer alimentos salgados cozidos e temperados com azeite de oliva, ou salmoura, sem pão; ou tomar água do espinafre ou repolho cozidos, misturada com azeite de oliva e salmoura. Se for idoso, deve tomar mel misturado à agua morna pela manhã, e esperar umas quatro horas para fazer a primeira refeição. Isso deve ser repetido por três a quatro dias, se necessário, até regularizar o intestino.

Nutrição e Dieta

Um corpo frágil não digere bem os alimentos, mesmo os mais saudáveis, portanto devemos sempre dosar a quantidade do alimento (segundo a nossa força ou fraqueza), escolhendo a qualidade dos mesmos conforme a constituição do corpo.

Uma pessoa não deve comer a não ser quando estiver com fome, nem beber a não ser quando tiver sede; também não deve comer até o estômago ficar repleto, mas sim consumir aproximadamente uma quarta parte de sua capacidade.

Uma pessoa deve se alimentar somente após ter caminhado antes da refeição, para o corpo ficar aquecido, executar algum trabalho físico ou se cansar por algum tipo de esforço. Se depois do exercício ela se lavar com água morna, tanto melhor. Deve-se esperar um pouco e só então comer. Não se deve comer antes de verificar se precisa executar as necessidades fisiológicas.

Ao comer, a pessoa deve sempre estar sentada ou reclinada sobre o lado esquerdo. Não deve andar, montar a cavalo, exercitar-se ou agitar o corpo, nem passear até que o alimento seja digerido.

A pessoa, ao se alimentar, deve sempre começar com algo leve e depois continuar com os alimentos mais pesados. Nos meses quentes deve-se comer alimentos refrescantes e não usar temperos excessivos, exceto vinagre. Nos meses chuvosos ou frios, deve consumir alimentos quentes, temperar abundantemente a comida e comer um pouco de mostarda e assafétida. É desta forma que os alimentos devem ser preparados nos climas quentes e frios.

Não é adequado empanturrar-se como um cão esfomeado, nem engolir uma bebida fria quando se tem sede como alguém que está subitamente ardendo em febre, bebendo o conteúdo do copo de uma só vez. Ainda mais importante é que não se estende a mão em vão ao alimento, especialmente doces e similares, que são chamados de "comidas de glutão".

Tomar água fria antes de começar as refeições é danoso à digestão e ao fígado. Não se deve beber água durante as refeições, a não ser um pouco e misturada ao vinho. Quando o alimento começa a ser digerido pode-se tomar água na medida da necessidade, mas não em excesso.

A mais saudável das águas potáveis é aquela que não tem sabor nem odor. Estas águas são as que mais saciam e as mais agradáveis. Todas aquelas que fluem numa direção oriental sobre areia limpa e ficam rapidamente aquecidas são as mais adequadas para beber.

Perigos Ambientais

As carcaças de animais, túmulos e curtumes devem ser instalados à distância de uma cidade. Um curtume deve ser construído do lado leste da cidade, porque o vento oriental é suave e diminui os odores desagradáveis produzidos pela curtição dos couros.

Os malefícios provocados pela fumaça, o odor dos aparelhos sanitários, poeira em excesso, máquinas que causam trepidação do solo, são motivos para que a parte prejudicada processe o seu vizinho a fim de obrigá-lo a remover os causadores dos danos até uma distância adequada.

Qualquer pessoa que deseje preservar sua saúde deve levar em consideração, em primeiro lugar, a água limpa e uma dieta saudável. O ar urbano é poluído, turvo e denso, resultado natural dos prédios altos, ruas estreitas e do lixo dos seus moradores.

A pessoa deveria, se possível, escolher como residência um local amplo e arejado. As melhores moradias estão localizadas num andar mais alto, onde entra bastante sol. Os sanitários devem ficar o mais longe possível das salas de estar. O ar deve ser conservado seco e agradável, usando-se perfumes suaves através de desodorantes especiais. A preocupação com o ar puro é a regra primordial na preservação do corpo e da alma.

Alcoolismo

Não se deve exagerar no vinho e na folia, pois a embriaguez excessiva e a leviandade não levam ao júbilo, mas sim à loucura. Para algumas pessoas, vinho de safra nova faz mal, ao passo que vinho velho faz bem.

(Escritores de muitos países, nos últimos séculos, têm comentado a relativa sobriedade dos judeus. Estatísticas relativas a prisões por embriaguez, psicoses relativas ao álcool têm se mostrado menos representativas entre os judeus. Um dado repetido em muitos estudos é que mais judeus do que outros grupos étnicos ou religiosos consomem bebidas alcoólicas, mas proporcionalmente menos judeus são alcoólatras. Uma das explicações para esta baixa incidência de alcoolismo entre os judeus se refere à precoce iniciação das crianças no uso ritual do vinho, que acrescenta uma nota cerimoniosa à refeição, elevando-o, deste modo, de uma necessidade biológica a um ato singularmente humano, pelo qual o judeu reconhece a presença de D’us à mesa. Tais atitudes precoces podem prevenir excessos subseqüentes na ingestão de bebidas alcoólicas.)

Matrimônio

O matrimônio no Judaísmo é um mandamento Divino (Devarim 12:13). Suas finalidades incluem a procriação, o companheirismo, a auto-realização e também a aquisição de um estado de santidade que surge ao se evitar o pecado i.e., o sexo ilícito fora do matrimônio.

Para cumprir o mandamento bíblico: "Frutificai e multiplicai-vos" (Bereshit 1:28; 9:1-7; 35:11), um homem deve ter pelo menos um filho e uma filha. Entretanto, os sábios aconselharam ter mais filhos.

O homem não pode se casar com uma mulher incapaz de ter filhos, a menos que ele já tenha cumprido o mandamento da procriação. Ele nunca deve casar-se com a intenção de divorciar-se depois.

Um homem é obrigado a prover sua esposa de alimento (i.e., manutenção), vestuário (incluindo jóias e perfumes) e direitos conjugais. Num matrimônio judaico, acima da questão da procriação, existem os direitos conjugais da esposa, tecnicamente designados "ona". Assim, a relação não procriativa, como ocorre quando a mulher é jovem demais para ter filhos, estéril, está grávida, pós-menopausa, ou após uma histerectomia, não só é permitida como é requerida.

Os sábios ordenaram que o homem deve honrar sua esposa mais que a si mesmo, e amá-la como a si mesmo. Se tiver posses, deve aumentar sua generosidade de acordo com sua riqueza; não deverá causar-lhe medo indevido; ao falar com ela deve ser gentil e não deve ser propendo à ira ou à melancolia.

Também ordenaram que, por sua vez, a esposa deve honrar o marido e reverenciá-lo; deve-se organizar seus afazeres de acordo com as suas instruções. Ele deverá parecer a seus olhos tal como um príncipe ou rei, enquanto ela se conduzirá de acordo com os desejos de seu coração e se manterá afastada de tudo que a ele for odioso.

Este é o caminho das filhas e dos filhos de Israel, que são santos e puros em seu relacionamento, e sua vida conjugal é louvável.

As Relações

O homem para ser perfeito deve ter controle completo sobre seu desejo sexual, alimentar ou de bebida, para não impedir o desenvolvimento de sua perfeição. A moderação no sexo, como em todas as esferas das atividades biológicas humanas, é recomendada. No Judaísmo, a aversão pela libidinagem e prostituição é bem enfatizada.

Sempre que o sêmen é emitido em excesso, o corpo fica esgotado e sua força diminui. Aquele que se excede estará sujeito ao envelhecimento precoce, esgotamento físico e enfraquecimento da visão.

O sexo pré-marital é proibido. O homem deverá primeiro levar sua futura esposa para dentro do seu próprio lar e designá-la como exclusivamente sua, através da cerimônia nupcial. Se ela for virgem, ele se alegrará com ela, participando de refeições festivas durante a primeira semana, sem trabalhar. (Esta é chamada a semana de "sheva berachot".) Se for viúva ou divorciada, deverão ter as "sheva berachot" durante três dias.

No casamento, a relação não somente é permitida, como faz parte das obrigações do marido para com a mulher, e deve ocorrer com o consentimento de ambos.

Quando um homem procura sua esposa, não deve fazê-lo no começo da noite, quando está saciado; nem no fim da noite, quando está faminto. Ele deve coabitar no meio da noite, quando o alimento já tiver sido digerido. Primeiramente deve conversar com sua esposa e diverti-la um pouco, a fim de deixá-la descontraída; depois ter a relação, com modéstia, carinho e atenção, sem imprudência.

O Ritual da Circuncisão

Esse mandamento não foi prescrito com vistas a reparar o que pode ser congenitamente imperfeito, mas para aperfeiçoar moralmente o ser humano.

A circuncisão tem outro significado, muito importante: todos aqueles que acreditam na unicidade de D’us possuem um sinal corporal que os une. O homem executa esse ato no seu filho somente em conseqüência de uma crença genuína.

É também conhecido o quanto amor e ajuda mútua existem entre as pessoas que ostentam o mesmo sinal, formando para elas uma espécie de aliança. A circuncisão é uma aliança feita por Avraham, nosso pai, com vistas à crença na unicidade de D’us, como está escrito: "Para ser um D’us para ti e para tua semente depois de ti" (Bereshit 17:7). Esta é uma forte razão para a causa da circuncisão – talvez seja ainda mais forte do que a primeira.

A circuncisão é realizada no oitavo dia, porque os seres vivos são muito frágeis e excessivamente tenros ao nascer, como se ainda estivesse no útero. (Maimônides parecia estar aludindo ao que hoje é reconhecido como icterícia, que pode se manifestar nos primeiros dias de vida).

A circuncisão no oitavo dia evita o sangramento que pode ocorrer na primeira semana de vida, devido a deficiências no fator de coagulação, permitindo a maturação do sistema de conjugação dos pigmentos da bílis.

Crueldade contra animais

A crueldade gratuita contra animais é proibida pela Lei Judaica, uma proibição que os Sábios deduziram da Torá. Quem impedir um animal de se alimentar enquanto estiver trabalhando estará sujeito a punição. Ademais, se o animal estiver sedento, a obrigação é dar-lhe de beber. Entretanto, se aquilo que o animal estiver ingerindo for danoso ao seu organismo e lhe fizer mal, será permitido impedi-lo de comer. De fato, o animal deverá ser alimentado antes mesmo do ser humano, no entanto quando se refere à sede, o ser humano tem prioridade.

Shechita (abate ritual)

O mandamento referente ao abate de animais é necessário, pois o alimento natural do homem consiste de plantas derivadas de sementes que crescem na terra e da carne dos animais. Os melhores tipos de carne são aqueles que nos são permitidos (i.e., casher). Nenhum médico ignora este fato.

Como a necessidade de obter bons alimentos requer que os animais sejam mortos, a meta é matá-los da maneira mais branda possível. É proibido torturá-los de modo a perfurar a parte abaixo de sua garganta ou decepar um de seus membros. É igualmente proibido abater o "animal e o seu filhote no mesmo dia" (Vayicrá 22:28), sendo esta uma medida de precaução para não matar a cria diante da mãe, pois nestes casos os animais sentem uma dor intensa, idêntica à do ser humano.

Citações de Rambam
"A verdade não se torna mais verdadeira porque o mundo inteiro concorda com ela, nem menos verdadeira, mesmo que o mundo inteiro discorde dela".
More Nevuchim II:15

"O alicerce de todos os fundamentos e princípios básicos da Torá, e o pilar de todas as sabedorias é: compreender que há um Ser Supremo que traz todo ser criado para a existência. Todas as coisas existentes – no céu, na terra, e o que há entre eles – resultaram somente a partir da verdadeira existência de D’us. Se imaginássemos que Ele não existe, nada mais poderia ter existência."
Parágrafo inicial do Mishnê Torá

"Há coisas que estão dentro do âmbito e da capacidade de apreensão da mente humana; há outras que o intelecto não pode, de maneira alguma, captar – as portas da percepção estão fechadas."
More Nevuchim I:31

"Compete-nos amar e temer a D’us, pois está escrito: ‘Amarás o Senhor teu D’us’ (Devarim 6:5) e ‘Temerás o Senhor, teu D’us’ (Devarim 6:13).

Como se chega a amar e temer a D’us?

Quando alguém reflete sobre as grandes e maravilhosas obras de D’us e Suas criaturas, percebendo nelas a infinita e ilimitada sabedoria Divina, ele será levado a amar, exaltar e glorificá-Lo, ansiará por conhecer o Onipotente… Ao meditar mais sobre estes assuntos, ele recuará atemorizado, compreendendo que é uma criatura ínfima, dotada de inteligência limitada, e que está na presença d’Aquele que é perfeito no saber…"
Mishnê Torá, Yessodei Hatorá, II:1-2

Comentário final

Nas áreas da lei e da filosofia, as contribuições de Maimônides ao pensamento judaico são ímpares. Seu Comentário à Mishná, Mishnê Torá e Guia Para os Perplexos são cada qual um marco na história do pensamento judaico. De fato, a extensão da influência de Maimônides sobre eruditos de épocas posteriores talvez seja melhor expressa pelo dito que está gravado sobre sua tumba em Tiberíades em Israel: "De Moshê (Moisés) a Moshê (Maimônides), nunca houve ninguém como Moshê."
ImprimirEnvie esta página a um amigoCompartilhe isto
Comentário2 Comentários



O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. Se você gostou deste artigo, autorizamos sua divulgação, desde que você concorde com nossa política de copyright.



Comentários dos leitores
Comentários mais recentes:
Enviado: Jan 19, 2012
RAMBAM
Condensação excelente!
Enviado por Anônimo, Guarujá, Brasil

Enviado: Dec 28, 2010
Rambam
Importantissimos a judeus e nao judeus este artigo. Explica com uma certa clareza os 14 livros do Rambam e a biografia pessoal....obra, sem autor, somente a de D'us! Grato por este presente de fim de ano.
Enviado por Jorge Gonçalves, Vitoria, ES/Brasil

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Pela Yeshivá Tomchei Tmimim Lubavitch

Imprimir Envie esta página a um amigo
Compartilhe isto:
del.icio.us Digg this StumbleUpon Facebook
MySpace Google Twitter Yahoo! MyWeb
Compartilhe isto
ComentárioComentário
Devar Malchut: Palavras do Rebe
Baseado em Sêfer Hasichot – 5750, págs. 286-288.

O primeiro dos Dez Mandamentos é: “Eu... que te tirei da terra do Egito.”


Perguntam os comentaristas: Por que D-us não falou “Eu...que criei os Céus e a Terra”? Não seria mais adequado mencionar o grande milagre da criação yesh meáyin (criar algo a partir do nada), que ocorreu na criação do mundo?


Rashi explica que as palavras “que te tirei” explicam por que os judeus devem aceitar a Torá, o jugo do reinado de D’us: o objetivo do Êxodo foi fazer com que os judeus servissem a D’us.


Embora a explanação de Rashi esteja clara, os comentaristas não a aceitam, pois a expressão “que te tirei da terra do Egito” mais parece continuação do que foi dito antes: “Eu sou D’us...” Que D’us? “Que te tirou...”, e não parece explicação de motivos.
A resposta encontra-se na diferença entre a revelação Divina nos diversos tipos de milagres.


A criação do mundo foi através do Nome Divino Elokim, “No princípio criou Elokim...”

Elokim tem o mesmo valor numérico da palavra “hateva” (a natureza). A criação do Universo tem relação com a natureza. O Êxodo, porém, deu-se através da revelação do Nome Havaya (o Tetragrama), que está acima da natureza e da criação, como consta na Hagadá: “O Próprio D’us, o Rei dos Reis, revelou-Se a eles e os redimiu.”


Como a Outorga da Torá foi uma revelação do Nome Havaya, “Eu sou Havaya, teu D’us” (revelação da própria essência de D’us, revelação mais elevada que a da Criação) consta: “que te tirou da terra do Egito” – uma revelação de Divindade que está acima da Criação.

Tu B’Shevat: O Quê e Como

Por Naftali Silberberg

Cultivando Religiosamente

Dia 15 de Shevat é o Ano Novo das Árvores, conhecido como Tu B’Shevat.

Segundo a lei judaica, há um ciclo agrícola de sete anos, concluindo com o ano sabático.

Quando o Templo Sagrado estava de pé em Jerusalém, nos anos um, dois, quatro e cinco desse ciclo, os fazendeiros eram conclamados a separar um décimo da sua produção e comê-la em Jerusalém. Este dízimo é chamado Maaser Sheni, o Segundo Dízimo , porque é em edição aos (dois por cento que devem ser dados aos Cohanim, e aos) dez por cento que são dados ao Levitas. No terceiro e no sexto anos do ciclo, em vez de os proprietários comerem o Maaser Sheni em Jerusalém, eles davam este segundo dízimo aos pobres, que tinham permissão de consumi-lo onde quisessem. [No ano sabático, não são separados dízimos. Toda a produção que cresce durante este ano não tem dono e está livre para qualquer pessoa pegar.]

Portanto era de vital importância que o novo ano começasse para a produção. Nossos rabinos estabeleceram que um fruto que brotava antes de 15 de Shevat é produto do ano anterior. Se brotasse depois, era produto do “ano novo”. [Em comparação, cereais, vegetais e legumes têm o mesmo Ano Novo que os seres humanos, o 1º de Tishrei.]

Por que é assim?

Na região do Mediterrâneo, a estação chuvosa começa com a Festa de Sucot. Leva aproximadamente quatro meses (de Sucot, 15 de Tishrei, até 15 de Shevat) para as chuvas da nova estação saturarem o solo e as árvores produzirem frutos. Todos os frutos que brotarem antes são produto das chuvas do ano anterior, e são separadas como dízimo junto com as colheitas do ano anterior.

Embora esse dia seja Rosh Hashaná para as árvores, conferimos uma importância especial a este feriado porque “O Homem é [comparado à] árvore do campo” (Devarim 20:19). Cultivando raízes fortes – fé e comprometimento a D'us – produzimos muitos frutos – Torá e mitsvot.

Leis e Costumes

Neste dia é costume partilhar os frutos pelos quais a Terra Santa é louvada (Devarim 8:8): azeitonas, tâmaras, uvas, figos e romãs. Se provar qualquer um desses frutos pela primeira vez na estação, lembre-se de recitar a bênção Shehecheyanu. (Uma bênção recitada em ocasiões festivas, agradecendo a D'us por “nos sustentar e nos permitir chegar a essa ocasião.” Esta bênção é recitada antes da bênção padrão Há’etz, recitada sobre os frutos.

Devido à natureza festiva do dia, omitimos as seções Tachanun (pedidos de perdão e confissão) das preces.
ImprimirEnvie esta página a um amigoCompartilhe isto
ComentárioComentário

Por Naftali Silberberg
Rabino Naftali Silberberg mora no Brooklyn em Nova York, com sua esposa Chaya Mushka e seus três filhos.

O conteúdo dessa página tem o copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido pelo nosso parceiro de conteúdo, Chabad.org. Se você gostou deste artigo, autorizamos sua divulgação, desde que você concorde com nossa política de copyright.

Dimensões da Montanha Fumegante As Quatro Imagens Audiovisuais na Montanha do Sinai


Por Rabino Yitzchak Ginsburgh

A Torá fornece uma descrição com quatro imagens da experiência de Israel na entrega da Torá no Monte Sinai.

As pessoas viram:
1. As vozes
2. As tochas
3. O toque do shofar
4. A montanha fumegante

A segunda e a quarta imagens foram visuais. Paradoxalmente, a primeira e a terceira imagens são realmente imagens auditivas que, no Sinai, foram percebidas também visualmente. Isto assim foi, pois a experiência atingiu tal profundidade na alma que os sentidos físicos se misturaram.
As três primeiras revelações foram sobrenaturais. Elas não aconteceram na realidade. A quarta imagem na montanha fumegante é física. O fogo tomou conta da montanha e foi visto na realidade como fumaça.
Estas quatro imagens correspondem às quatro letras do nome de D’us:
Imagem
Letra do Nome de D’us
Sefira:
Contato com a Realidade através de:
Manifestação:
Vozes
Yud
Chochmah
"Sabedoria"
Olho
Som dos Dez Mandamentos sendo falados por D’us
Tochas
1º Hei
Binah
"Compreensão"
Mente
Percepção da tocha divina
Shofar
Vav
Chesed-Yesod
Seis emoções do coração
Coração
Shofar despertando emoções
Fumaça
2º Hei
Malchut
Olho/Paladar
União das três dimensões
A imagem final da fumaça é aquela que permanece por mais tempo em nossas mentes e que deve nos acompanhar quando, diariamente, recebemos a Torá novamente.
O que a fumaça representa?
As Três Dimensões da “Fumaça” -- Ashan
Letra
Dimensão
Coordenadas
Poder
Manifestação Positiva
Significado Hebraico
Experiência
Ayin
Olam
"Espaço"
Acima-Abaixo
Direito-Esquerdo
Frente-Trás
Discernir entre luz e escuridão
Luz
Olho
Perceber corretamente a realidade
Shin
Shanah
"Tempo"
Passado-Futuro
Discernir entre verdade e mentira
Verdade
Dente
(Paladar)
Integrar corretamente a realidade
Nun
Nefesh
Alma
Bom-Mau
Discernir entre o bem e o mal
Bem
Quando meditamos sobre a imagem na montanha fumegante, devemos tentar experimentar a mistura de luz, verdade e bondade, e unir as percepções da visão e do paladar para merecermos receber a Torá novamente todos os dias.
ImprimirEnvie esta página a um amigoCompartilhe isto
ComentárioComentário

Por Rabino Yitzchak Ginsburgh
Rabino Yitzchak Ginsburg é fundador e diretor do Instituto Gal Einai: Instituto de Estudo Interdisciplinário Avançado de Torá, Arte e Ciências. Renomado explicador de Cabalá e Chassidut, Rabino Ginsburg escreveu mais de quarenta livros esclarecendo tópicos de Torá como psicologia, medicina, política, matemática e relacionamentos.

O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. Se você gostou deste artigo, autorizamos sua divulgação, desde que você concorde com nossa política de copyright.

Torá: A Única Verdade?

Por Tzvi Freeman

A Torá é a verdade completa? Toda a verdade, no sentido que nenhuma outra fonte tem alguma verdade que não esteja na Torá? Ou é possível que alguma outra fonte de sabedoria tenha uma outra parte da verdade que pareceria diferente, mas na verdade seria complementar e não mutuamente exclusiva? A Torá é uma verdade ou é a verdade?

Esta é uma das perguntas que realmente vai ao fundo das coisas. Posso citar declarações como: “A Torá de D’us é completa”1 ou, “Não há a menor coisa que não seja citada na Torá”2, ou ainda: “Toda sabedoria e todo evento que jamais acontecerá está incluído nos Cinco Livros de Moshê.”3 Incluindo alguma exclusividade: “Não há outra verdade, exceto a Torá.”4

Há uma bela, liberal e universalista citação do Talmud: “Se lhe disserem que há sabedoria entre as outras nações, acredite neles. Se lhe disserem que há Torá entre as nações, não acredite neles.” (Midrash Rabá, Eichá, 17)

Você poderá então argumentar que o Talmud está dizendo que existe sabedoria que não é Torá. Mas acabamos de dizer que a Torá é a exclusiva verdade! Então, se a Torá tem direitos exclusivos sobre a verdade, que tipo de sabedoria existe que não seja verdade?

Maimônides aceitou aquela última declaração do Talmud de maneira bem prática. A respeito de estudar astronomia com os escritos dos gregos idólatras, ele escreve: “Aceita a verdade, venha de onde vier.”5

Tudo bem, então ele se qualifica dizendo que esta sabedoria estava originalmente entre a Tribo de Yissachar mas se perdeu para os judeus, portanto agora temos de restaurá-la aprendendo com os gregos. Assim, também, outros escrevem sobre todas as ciências que aprendemos com os gregos, persas ou seja lá quem for – elas todas se originaram de Avraham e mais tarde de Shelomo mas ficaram perdidas, somente para as recuperarmos com as outras nações.

Apesar disso, o que isso diz para a alegação abrangente, exclusiva da Torá sobre a verdade? Se “a Torá é completa” e não há “outra verdade exceto a da Torá” então por que Maimônides precisou estudar Ptolomeu (e Aristóteles, Galeno e Averroes)?
Quantas verdades existem?

Você conhece o ditado: “Ponha dois judeus juntos e haverá três opiniões.”

Bem, isso não é novo. Duvido que exista um tema na Torá que não tenha sido sujeito a debates – e os lados com freqüência tomam lados extremos. Não estamos falando apenas sobre qual cadarço do sapato amarrar primeiro (na verdade, isso é algo sobre o qual eles concordam). Estamos falando sobre debates como aqueles das escolas de Hilel e Shamai: qual veio primeiro, o céu ou a terra?6 Foi melhor para o homem ter sido criado ou somos os derrotados neste jogo?7 Olhe o que está por trás de todos estes argumentos, e você encontrará um tema comum: “Devemos ser idealistas ou pragmatistas?” Ora, se você ainda não consegue se decidir sobre algo assim, como reivindica os direitos exclusivos, abrangentes, da Torá?

O debate idealista/pragmatista deixa uma trilha longa e ininterrupta através dos campos de batalha da Torá, de Moshê a Shelomô ao Talmud, de Maimônides aos cabalistas até os dias de hoje: o ascetismo é um bom caminho ou D’us deseja que desfrutemos Seu mundo? O que tem prioridade, o estudo ou as boas ações? Quem é mais elevado, o puro, imaculado tsadic ou o pecador arrependido? Como recebemos a suprema recompensa, como uma alma sem um corpo, ou como uma alma dentro de um corpo?

Existem assuntos ainda mais fundamentais sob discussão – como por exemplo, quais são os princípios básicos da Fé Judaica? Maimônides relaciona treze, Rabi Yossef Albo em seu Sefer Ha-Ikrim argumenta que há na verdade apenas três. Outros dizem que toda a noção de contar princípios é insustentável.

Maimônides, por exemplo, conta a crença de que D’us é não-corpóreo como um princípio básico. Ele escreve que quem acredita que D’us tem um corpo perde o direito à sua porção no Mundo Vindouro. Rabi Avraham ibn David (“O Raavad”) ataca sua declaração, dizendo que muitos judeus que são melhores que ele – Maimônides – (!) lêem as Escrituras e ingenuamente entenderam que D’us tem um corpo. Portanto escrevemos alguma coisa, você lê e a aceita literalmente, e depois nós o atiramos para fora da festa – isso é justo?

Certo, ninguém está discutindo se D’us tem um corpo ou não. Também não se está discutindo a veracidade de qualquer outra coisa que Maimônides tenha escolhido rotular como princípios. Trata-se apenas que um diz que o Judaísmo é isso, o outro diz não, é aquilo, e um outro ainda diz que não é nenhum daqueles. Mas o fato de poder existir contenda sobre a própria definição da crença judaica é nada menos que assombroso. Se não conseguimos definir nosso sistema de crença, como podemos reivindicar “A Verdade”?

Tenho mais uma: Alguns cabalistas escrevem que nossa Torá ensina que D’us criou um “espaço vazio” dentro de Seu Ser no qual criou o mundo – isso significa que Ele não está aqui em nosso mundo. Outros insistem que esta constrição (tzimtzum) não é literal, mas um espelho com um lado no qual o mundo se vê como habitando um espaço vazio de D’us, mas na verdade, “a existência inteira está repleta com Sua presença” e “não há lugar sem Ele,” Não importa como a dialética funciona, se D’us está ou não aqui me parece bastante fundamental.

Então digamos que podemos voltar àqueles Sábios do Talmud que se revelaram nesta atmosfera de debate e proliferação de idéias, e perguntamos a eles esta questão candente: Como avalia esta atitude da Torá ser A Verdade? A Verdade não deveria falar com autoridade, com certeza e livre de todas as ambigüidades?

Aqui, finalmente, há um consenso – que é um retumbante “Não!”

Nas palavras da voz vinda do Céu, ouvida pelos alunos de Hilel e Shamai após muitos anos de um dos debates mais acalorados: “Ambas são as palavras do D’us vivo.” Um pouco mais poeticamente, nas palavras de Rabi Elazar ben Azariah:
… estes são os alunos dos Sábios que se sentam em grupos e se ocupam com a Torá. Estes declaram algo impuro e aqueles o declaram puro. Estes proíbem e aqueles permitem. Estes declaram algo como casher e aqueles o declaram impróprio. Talvez uma pessoa diga: “Nesse caso, como posso estudar Torá?” Isso é o que aprendemos: Tudo foi dado por um único pastor [i.e., Moshê]. Um D’us os deu, um líder falou pela boca do Mestre de Todas as Coisas, bendito seja. Como está escrito: “E D’us falou todas estas coisas, dizendo…” Você, também, deve fazer seu ouvido como um moedor e adquirir um coração compreensivo para escutar as palavras de todas estas opiniões.8

Isso significa que nem sequer podemos perguntar a verdade a D’us. De fato, o Talmud nos diz: quando os anjos ministrantes fora a D’us perguntar quando é a Festa da Lua Nova, Ele lhes disse: “Por que Me perguntam? Vamos até a corte terrena dos Sábios perguntar o que eles decidiram.”9

E o que fazer, então, dos assuntos que eles nunca conseguiram decidir? Isso significa que D’us também não pode decidir?
Repensando a Verdade

Então, qual é a definição da verdade, se nem mesmo D’us pode decidir? Como alegamos direitos exclusivos sobre a Verdade quando você nem pode concordar – D’us nem pode decidir – qual é a Verdade?

Obviamente, temos de repensar a idéia da verdade. Talvez não haja uma informação definitiva que seja a verdade definitiva (como no Hitchiker’s Guide to The Galaxy, de Douglas Adams, onde ele aprende que a verdade definitiva é a 46). Talvez a verdade não seja um fato, afinal. Talvez a verdade seja mais como um processo.

Vamos fazer uma pausa para uma bela história:

Em 1921, Rabi Yossef Yitschac Schneersohn de Lubavitch foi intimado por um dos escritórios do novo regime bolchevista. Ele foi solicitado a esclarecer um assunto: A religião judaica apóia a monarquia ou o comunismo? Aquilo não era exatamente um agradável chá com biscoitos – havia muito perigo envolvido. No estilo que lhe era típico, o Rabino determinou que falaria a verdade, não deixando margem para ambigüidade sobre suas opiniões.

Então ele relatou a seguinte história:

“Em uma de minhas viagens a S. Petersburgo – foi no inverno de 1913 – eu viajava num vagão de segunda classe e meus companheiros de viagem eram empregados do governo e cléricos cristãos espiritualistas.

“Naquele ano, a Rússia estava celebrando o 300º aniversário de governo da Família Romanov. Meus colegas de viagem se envolveram numa acalorada discussão sobre a monarquia em geral. A questão central era: Como a nossa sagradaTorá entende a monarquia? Alguns disseram que a Torá apoiava a monarquia. Outros argumentaram que a Torá era socialista. Um deles falou que ela é obviamente comunista.

“A princípio, não tomei parte na discussão. Mas então entraram alguns judeus, bons amigos meus, e eles insistiram para que eu declarasse a minha opinião. Então eu disse o seguinte: ‘Todos vocês, com todas as suas variadas opiniões, todos estão corretos. Cada partido – monarquia, socialismo, comunismo – todos têm prós e contras. É um bem conhecido princípio de filosofia que não há nada bom sem algo de mau, e que não há nada mau sem algo de bom. Em tudo que é bom pode-se encontrar algum mal misturado, e em tudo que é mau se vê um pouco de bem. Porém este axioma somente se aplica às idéias criadas pelo homem. A sagrada Torá, no entanto, outorgada pelo Criador do mundo, bendito seja, engloba apenas os aspectos positivos de cada idéia. Portanto, cada um de vocês encontra em nossa sagrada Torá apenas os aspectos positivos de seu partido.10”

O Rebe (Rabi Menachem Mendel Schneerson, genro e herdeiro de Rabi Yossef Yitschac) referiu-se certa vez a esta história e acrescentou: Mas esta ainda é apenas a sabedoria da Torá. Não é a essência da Torá.11

Qual é a essência da Torá? A essência da Torá, explicou o Rebe em diversas ocasiões,12 é a Halachá – o poder de decidir o que D’us deseja que façamos aqui e agora. Em outras palavras, desde que você esteja no âmbito da sabedoria, toda a sabedoria é relativa. O intelecto, por sua própria formação, não pode determinar a verdade absoluta. Se a sabedoria não deixa espaço para um opinião divergente, você sabe que não é mais sabedoria.

Porém a Torá vai além da sabedoria. A Torá fala sobre o certo e o errado, do bem e do mal – i.e., aquilo que D’us deseja que façamos e não façamos em Seu mundo. A sabedoria não pode determinar nada disso. A sabedoria pode apenas dizer: “Se você fizer isso, acontecerá aquilo. Se quiser conseguir isto, faça isto.” Somente a Torá pode dizer o que D’us deseja que você faça e consiga. Nenhuma outra sabedoria sequer reivindica este feito (outra que não aquelas, obviamente, que baseiam sua autoridade na Torá).

E o mais surpreendente sobre a Torá: Aquela determinação é feita “aqui” e não “lá em cima.”13 A Halachá acontece aqui na terra. Em outras palavras, D’us investiu Sua vontade num processo humano.

A Não-Ideologia

Rabi Avraham Yitschac Kook (um dos mais importantes místicos judeus e pensadores do século 20) relatou isso dessa maneira?14

“Como é (estou parafraseando) que os autores atuais tentam definir a alma do Judaísmo, dizendo: ‘A Torá diz assim; a ideologia do Judaísmo é tal e tal?’ Não existe ideologia do Judaísmo. Ao contrário, a Torá contém todas as verdades que estão ali – incluindo aquelas que se contradizem umas às outras.

“Tudo é abraçado em sua alma” – ele escreve – “isso inclui todas as inclinações espirituais, as abertas e as ocultas, numa generalização mais alta, assim como tudo está incluído na absoluta realidade do Divino. Toda definição como esta no Judaísmo é heresia e é análoga a estabelecer um ídolo ou uma imagem para explicar o caráter de D’us.”

E então Rabi Kook compara a Torá versus sabedoria ao humano versus animais. Existem muitos animais, escreve ele, que superam os seres humanos até em tarefas intelectuais (tente encontrar o caminho de casa a 700 quilômetros de distância, orientando-se via aérea, tecer uma teia simétrica…). A vantagem do intelecto humano não é necessariamente saber, mas discernir. Em outras palavras, a capacidade de gerar uma pletora de perspectivas, possibilidades, hipóteses variadas – e depois analisar cada uma delas para determinar qual funciona melhor nesta situação.

Enquanto uma aranha tece sua teia porque é isso que as aranhas fazem, um urso apanha peixes da maneira que sabe fazer (e os come quando está faminto), um ser humano se senta e analisa diversas possibilidades, determina qual delas deverá funcionar melhor para ele e então a adota. Isto é o que Benjamin Bloom chama de “avaliação” – e classifica no topo de sua taxionomia do aprendizado.

Não sei se os animais fazem isso ou aquilo – e este não é, na verdade, aonde Rabi Kook quer chegar. O ponto é que os seres humanos estão num departamento totalmente diferente neste aspecto. E a Torá também.

Qualquer um que esteja familiarizado com o estudo de Torá sabe que é disso que se trata. Assim que você começa a estudar a primeira linha de Bereshit, aprende que não pode ser lida com uma única interpretação. Isso não pode significar apenas que D’us criou os Céus e a terra do nada, porque há muitas maneiras mais fáceis de dizer isso. Em seu primeiro estágio do estudo de Torá, você é apresentado a conflitos e nós para desatar e sinais para interpretar.

O estudo de Torá é toda sobre um processo, em vez do conteúdo – como abordar um problema, como gerar diversas perspectivas, como analisá-las e compará-las, como determinar qual delas funciona melhor como leitura do texto, qual funciona melhor como aplicação prática, qual funciona melhor como lição ética – e por aí adiante, literalmente sem fim.15
A Torá não é sobre as idéias de D’us. A Torá é sobre como D’us pensa sobre estas idéias – mas usando nossas mentes humanas. Porém a Torá é particularmente sobre como chegamos a uma decisão definitiva.

Ser Verdade

Agora fica mais fácil ver como uma Torá que faz uma reivindicação exclusiva da verdade não tem escrúpulos sobre “pegar a verdade de onde quer que ela venha”. A verdade da Torá está principalmente em seu processo de avaliação e discernimento entre idéias.16 Se alguém mais fez um estudo valioso destas idéias, desenvolvendo-as e expondo os assuntos – tanto melhor. Agora cabe ao processo da Torá determinar se os axiomas sobre os quais isso se baseia são aceitáveis ou não, se isso é algo que D’us deseja em Seu mundo agora ou não, como isso deveria ser usado e para quê.17

É assim que Rabi Schneur Zalman de Liadi descreve a verdade da Torá no capítulo 5 do Tanya: Quando a mente humana está absorvida em compreender que se o Sr. Simon argumenta assim e Reuven argumenta de modo diferente, então a Halachá será tal e tal – esta é a Torá e esta é a Verdade. Não que ele esteja aprendendo sobre a Verdade. Ao contrário, ele está “pensando com a mente de D’us”. Ele está sendo a Verdade. Aquele estado de ser, aquela experiência, aquele processo, aquilo em si é a Verdade.

Portanto quando – depois de uns duzentos anos – a Halachá é determinada para ser segundo Maimônides e não seus detratores, esta é a Verdade (note o "V" maiúsculo).

Ou seja, o ato de nós, simples seres humanos, ou seja, o povo judeu, determinar o que é a Halachá, isto é a Verdade.

Torá Sinérgica

Esta é a explicação por trás de um fenômeno chocante: é difícil pensar sobre um tema que surgiu, seja na ciência, política ou ideologia, que não tenhamos encontrado algum reflexo disso na Torá. Agora isso faz sentido: para que a Torá nos possibilite tomar decisões sobre todo assunto, todas estas idéias são encontradas – pelo menos em algum estado abstrato, primitivo – dentro da própria Torá.

Como um exemplo, terminarei com uma outra história:

Numa audiência privada, o Rebe explicou a um professor de Química que toda idéia da ciência pode ser encontrada na Torá. O professor não ficou impressionado. Portanto o Rebe perguntou: “Qual é a sua pesquisa atual?” Ele estava investigando a sinergia da combinação química. Resumindo, isso significa que a força de uma combinação química é maior que a soma de suas partes.
O Rebe então tirou um livro da prateleira – um livro que continha responsas do Rabi Saadia Gaon, um sábio do Século Dez. Ele mostrou ao professor uma passagem onde Rabi Saadia explicava a proibição de comer em Yom Kipur. Se uma pessoa não está se sentindo bem para jejuar em Yom Kipur, deveria comer em porções pequenas, menores que uma tâmara. Mesmo que termine ingerindo o equivalente a uma refeição grande, esta é uma violação menos séria do jejum, segundo o Talmud, que comer uma refeição inteira de uma vez.

Rabi Saadia continua explicando: “Veja você” – escreve ele – “o todo é maior que a soma de suas partes…"

O ponto da história não é que podemos deixar a Química de lado e estudar somente Torá o dia inteiro, e ainda termos TeflonTM e SuperbonderTM. O ponto é que temos mais uma prova, dentre muitas, que a Torá contém o cerne de toda verdade. Mas esta não é a verdade da Torá. A verdade da Torá é de que maneira podemos discernir como estas verdades devem ser usadas para cumprir o plano Divino.

E isso somente pode ser encontrado na Torá.
ImprimirEnvie esta página a um amigoCompartilhe isto
ComentárioComentário
NOTAS
1. Tehilim 19
2. Zôhar 3:221
3. Nachmânides, Introdução à Torá
4. Talmud Jerusalém, Rosh Hashaná 3:5
5. Leis da Santificação da Lua Nova 17:24; Prefácio aos “Oito Capítulos” da Introdução à Ética dos Pais.
6. Talmud, Tamid 32
7. Talmud, Eruvin 13b.
8. Talmud, Chagigah 3b.
9. Midrash Rabah, Devarim 2:14.
10. Igrot Kodesh vol. 4, pág. 200 ff.
11. Veja “Sobre a Essência da Chassidut”, Publicações Kehot, pág. 29.
12. Veja, por exemplo, Licutê Sichot 15, pág, 232; ibid. pág. 29, pág. 98; Este é também um tema central de muitas hadranim do Rebe sobre o Talmud e Maimônides.
13. Veja Talmud, Bava Metzia 59b.
14. Concerning the Conflict of Opinions and Beliefs. A tradução é de Abraham Isaac Kook, Paulist Press, pág. 271.
15. Suponho que se pode comparar isto à ciência moderna e à matemática. Quando uma teoria científica estabelecida é reprovada, não é um golpe para a ciência, mas um sucesso. Ciência e matemática não são conjuntos de fatos, mas sim abordagens para criar conjuntos de princípios válidos cumulativos. Somente a Torá é abrangente, incluindo esferas da ética e teologia. Nem a ciência nem a matemática podem lhe dizer o que fazer com a sua vida. Além disso, a Torá, como explicamos aqui, chega a conclusões absolutas. Todas as verdades da ciência são relativas, pois confiam em axiomas que não podem ser verificados.
16. A rejeição deste conceito é o que está na base da heresia Caraíta. Os Caraítas se recusaram a reconhecer a autoridade Divina nas decisões rabínicas – em outras palavras, eles apenas perceberam o Divino no conteúdo da Torá, mas não em seu processo contínuo.
17. O processo em si é um estudo para a vida toda. Apesar disso, vale a pena mencionar aqui os passos básicos envolvidos em gerar a Halachá:
1) A Halachá é determinada por um corpo judicial universalmente aceito por aqueles judeus que vivem segundo a Halachá. Este corpo é chamado Sanhedrin, e foi dissolvido pouco depois da destruição do Segundo Templo. Desde então, a Halachá universal tem sido determinada por autoridades mundialmente aceitas, conhecidas por sua fluência na Lei da Torá e temor ao Céu. Mesmo então, suas leis geralmente são aceitas somente depois de um período de debate e aperfeiçoamento que pode durar anos, até um século ou mais.
2) Qualquer lei haláchica deve ser extensivamente baseada em precedentes e em formas estabelecidas de análise talmúdica. Decretar por persuasão pessoal, Divina profecia ou experiência mística não conta.
3) Uma lei que não seja aceita pela comunidade em geral dentro de um período de tempo razoável é como nunca tivesse sido feita – independentemente de quantos Sábios de qualquer calibre a tenham decretado. Um costume mundialmente aceito pela comunidade observante da Halachá também atinge o status de Lei.

Por Tzvi Freeman
Rabino Tzvi Freeman, editor sênior de Chabad.org, também lidera nossa equipe Pergunte ao Rabino. É autor de Trazendo o Céu para a Terra. Para inscrever-se e receber atualizações regulares sobre os artigos de Rabino Freeman, visite os Freeman Files.

O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. Se você gostou deste artigo, autorizamos sua divulgação, desde que você concorde com nossa política de copyright.

Envie um comentário
Assunto:
Comentário:
1000 Caracteres restantes
Nome*:
Publique meu nome como anônimo.
E-mail*:
Cidade*: Estado/País:
* indica um campo obrigatório
Instruções de envio
Favor enviar-me a revista semanal de Chabad.org e novidades do site.
Chabad.org não divulga seu e-mail a terceiros.





Gostou daquilo que leu?
Clique aqui para meios de ajudar a expandir nosso conteúdo judaico e ferramentas úteis.
Colabore
Chabad.org – Entregou

Inscreva-se em nossa lista semanal:
Cadastre-se




Ética & Sabedoria
Os Anjos Podem Pecar?

Torá: A Única Verdade?

Longa Vida Para os Livros

Códigos da Torá

Ética - Uma Obrigação Judaica

As épocas de nossa vida

Informações Sigilosas: Contar ou Conter?

Qual é o Propósito da Vida?

Nervos de Aço

Liberdade de Expressão

De Onde Vem a Ética?

A Ética da Responsabilidade Judaica

Códigos Especiais

Comedores de Maná

O Primeiro Mandamento

Índice completo...
Exibindo 1 - 15 de 63



Gerenciado por Chabad.org © 2001-2012 Chabad-Lubavitch Media Center. Todos os direitos reservados.
Homenagem à eterna memória de Rabi Yosef Y. Kazen, p